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Opinião A Opinião de Janísio Salomão

O dilema da desigualdade de distribuição da riqueza no continente africano

Janísio Salomão

Mestre em Administração de Empresas, Consultor Empresarial e Técnico Oficial de Contas

Nelson Mandela nas suas abordagens realçou que “A pobreza maciça e a desigualdade obscura são flagelos tão grandes nos nossos tempos, tempos em que o mundo se gaba de progressos tão extraordinários da ciência e da tecnologia, indústria e na acumulação da riqueza, que têm de ser colocados ao lado da escravatura e do apartheid como males sociais”.

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Tomamos a liberdade para iniciarmos esta abordagem com a célebre frase de Mandela, para nos referirmos sobre as questões relacionadas com a distribuição da riqueza ou renda no Mundo e concretamente no continente Africano. As preocupações em torno do assunto, começaram desde cedo a constituir motivos de preocupação para as económicas desenvolvidas e em desenvolvimento sobretudo para as organizações internacionais como as Nações Unidas devido ao estado de carência e pobreza das pessoas ou população.

Vários estudos foram efectuados no sentido de tentar encontrar as soluções para mitigar as questões relacionadas com a desigualdade de distribuição da riqueza, eclodindo desta forma autores como Ludwig Von Mises ainda em suas primeiras obras, há quase 100 anos, tendo surgido o italiano “Corrado Gini” que efectuou estudos mais acutilantes sobre a matéria. Embora esforços têm sido empreendidos no sentido de reduzir o fosso existentes entre ricos e pobre, a economia mundial regista que apenas uma minoria da população detém grande parte da riqueza.

De acordo do relatório Credit Suisse, wealth report (2013), mesmo com o crescimento da riqueza mundial, estudos apontam, os 10 por cento mais ricos detêm actualmente 86 por cento da riqueza mundial. Destes 0,7 por cento tem posse de 41 por cento da riqueza mundial. Em África o cenário não diverge verificado no panorama internacional, embora a economia africana apresente taxas de crescimentos significativos. As previsões do Banco Mundial apontam para uma taxa de crescimento do PIB de 5,2 por cento (2014) comparativamente com os 4,7 por cento (2013), importa referir que a pobreza mantém-se quase inalterável. O Banco Mundial (2013) no seu relatório “Africa’s Pulse” realça este aspecto, embora o continente foi polo atractivo do investimento directo estrangeiro e do turismo, a pobreza e a desigualdade se mantêm “inadmissivelmente elevadas e o ritmo da sua redução demasiado lento”, pois quase um em cada dois africanos vive actualmente em pobreza extrema, embora haja um optimismo da redução entre 16 por cento e 30 por cento até 2030, o referido relatório sugere que 2030, a maioria dos pobres do mundo serão habitantes de África.

De acordo do relatório Credit Suisse, wealth report (2013), mesmo com ocrescimento da riqueza mundial, estudos apontam, os 10 por cento mais ricos detêm actualmente 86 por cento da riqueza mundial. Destes 0,7 por cento tem posse de 41 por cento da riqueza mundial.

Em África o cenário não diverge verificado no panorama internacional, embora a economia Africana apresente taxas de crescimentos significativos. As previsões do Banco Mundial apontam para uma taxa de crescimento do PIB de 5,2 por cento (2014) comparativamente com os 4,7 por cento (2013), importa referirque a pobreza mantêm –se quase inalterável.

O Banco Mundial (2013) no seu relatório “Africa’s Pulse” (1) realça esteaspecto, embora o continente foi polo atrativo do investimento directo estrangeiro e do turismo, a pobreza e a desigualdade se mantêm “inadmissivelmente elevadas e o ritmo da sua redução demasiado lento”, pois quase um em cada dois africanos vive actualmente em pobreza extrema, embora haja um optimismo da redução entre 16por cento e 30por cento até 2030, o referido relatório sugere que 2030, a maioria dos pobres do mundo serão habitantes de África.

Coeficiente de Gini (2)

De acordo o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), 2013 o coeficiente de Gini no continente africano aponta uma média cifrada entre 0,5 a 0,8 o que não é benéfico, pois demonstra que a desigualdade no continente ainda é elevado, pois quanto mais a escala estiver próxima de 1 maior é a desigualdade na distribuição da renda e quanto mais próximo estiver de 0 maior é a igualdade na distribuição da renda.

Índice de desenvolvimento humano (IDH)

Existe uma correlação entre a distribuição da riqueza e a sua implicação na melhoria da qualidade de vida das populações. Pois se o coeficiente de gini no continente africano apresenta indicadores elevados o índice de desenvolvimento humano é consideravelmente baixo. O facto da economia africana muita das vezes possuir um rendimento médio per capita alto, não significa que, o mesmo traduza a realidade de tal indicador, pois o seu calculo inclui os rendimentos das pessoas mais ricas ou com maiores rendimentos e também pelo facto de incorporarem –se rendimentos provenientes da venda sobretudo das commodities, que de forma genérica podem aumentar o Produto Nacional Bruto (PNB), sem elevar e contabilizar o bem – estar geral. Quando dividido pela população total, tal indicador consideravelmente se apresenta com um rendimento médio e elevado, no entanto dividi-lo aritmeticamente pelo número de seus habitantes dá uma ideia muito imperfeita do padrão de vida de sua população.

Tal como Schumpeter referenciou (1908), ''Ninguém dá importância ao pão pela quantidade de pão que existe num país ou no mundo, mas todos medem sua utilidade de acordo com a quantidade disponível para si, e isso, por sua vez, depende da quantidade total (3). Para uma real e eficaz determinação seria eficaz contabilizar o rendimento médio por habitante do particular para o geral, pois de acordo Adam Smith “a riqueza de uma nação se mede pela riqueza do povo e não pela riqueza dos príncipes”.

De acordo o Relatório do PNUD (2013), com excepção de algumas economias africanas que apresentam um desenvolvimento humano médio (0,7 a 0,5), grande parte da economia africana apresenta um desenvolvimento humano médio em torno dos 0,475.

As principais causas da má distribuição da riqueza

O continente africano, apesar de ser um potencial fornecedor de commodities e material prima para o continente Americano, Europeu e Asiático, continua a deparar-se com inúmeras situações de índole diversa que têm corroborado para a má distribuição da riqueza, de entre as quais destacaremos as seguintes:

  • Os problemas relacionados com os conflitos armados e tribais;
  • A corrupção;
  • O nepotismo;
  • O subdesenvolvimento;
  • A fraca transparência no uso e fundos públicos;

Diniz e Arraes (2010) apontam que os diversos estudos empíricos efectuados apontam as principais causas da má distribuição da riqueza:

  • A influência do mercado de trabalho, através de algumas de suas características como discriminação e segmentação;
  • A influência do comércio externo actuando indiretamente sobre o mercado de trabalho, concernente a remuneração da mão-de-obra qualificada relativa a mão-de-obra não- qualificada;
  • O efeito da educação, especialmente quanto a sua distribuição desigual a diferentes níveis de renda e divisão espacial;
  • A existência de imperfeições no mercado de factores e sua remuneração, particularmente o mercado de crédito (para financiamento do capital), que traz em si problemas de incentivo e moral hazard.

No entanto os principais problemas relacionadas com o fraco desenvolvimento com que se deparam as económicas africanas podem conhecer alterações a médio e longo prazo, desde que realmente haja força e vontade própria de internamente ultrapassarem -se os principais obstáculos que inibem o desenvolvimento pleno das economias Africanas.

A África não necessita de apoio em bens de consumo final para ultrapassarem as questões relacionadas com a pobreza, precisamos de meios de trabalhos e know-how capazes de nos tornar autossuficientes e desta forma melhoramos as questões relacionadas com a criação de emprego justo, e sobretudo a distribuição da riqueza no continente berço.

Notas:

(1) Cf. Relatório Banco Mundial, Africa’s Pulse, disponível em: http://www.worldbank.org/en/region/afr/publication/more-household-spending-plus-increased- investments-in-natural-resources-and-infrastructure-mean-higher-growth-for-africa.

(2) É comumente utilizada para calcular a desigualdade de distribuição de renda mas pode ser usada para qualquer distribuição, desenvolvida pelo estatístico italiano Corrado Gini, em 1912.

(3) Cf. SCHUMPETER, Joseph E. O conceito do valor social. Jornal de Economia, volume 23, disponível em: http://socserv.mcmaster.ca/econ/ugcm/3ll3/schumpeter/socialval.html

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