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Banco Mundial: investimento privado na agricultura mais eficaz para desenvolver África

Economistas do Banco Mundial defendem que o investimento privado na agricultura é a maneira mais eficaz de os governos do continente africano desenvolverem a economia e potenciarem o desenvolvimento dos seus países, lembrando casos de sucesso na Ásia.

: ADPP Angola
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"Os desafios a curto e longo prazo incluem ultrapassar a situação de endividamento excessivo, reduzir o conflito, ser mais resiliente, especialmente face às alterações climáticas, e aumentar a produtividade, e neste contexto a agricultura é um bom sítio para começar, já que é o maior sector empregador do continente", disse o economista-chefe do Banco Mundial, Indermit Gill, acompanhado do adjunto, Ayhan Kose.

Numa conferência de imprensa de lançamento do relatório sobre as Perspectivas Económicas Mundiais, Indermitt Gill apontou que "as políticas orçamentais são fundamentais para garantir um ambiente estável e atractivo para o sector privado", encarado como essencial para garantir o desenvolvimento das economias devido à falta de margem financeira dos governos.

"Tem de ser o investimento privado porque é o sector privado que cria empregos, complementando com políticas muito agressivas na saúde, na educação, e no capital humano", acrescentou o economista, concluindo que "é isso que garante que África recolha as vantagens do dividendo demográfico e permite canalizar a despesa pública para educação de qualidade e prestação de serviços de saúde".

Na conferência de imprensa, os economistas do Banco Mundial lembraram o exemplo de vários países na Ásia que aceleraram o desenvolvimento nas últimas décadas.

"No contexto das economias africanas e nos mercados emergentes, a mensagem básica é que não há atalhos para o crescimento económico, é preciso tempo e esforço, mas o que é preciso é começar", consideraram, e, neste contexto, a agricultura é o sector mais abrangente e, por isso, o prioritário.

Para os economistas do Banco Mundial, o investimento privado virá se os governos melhorarem as políticas macroeconómicas e monetárias, garantirem a estabilidade e integrarem-se nas cadeias de valor globais, através de parcerias estratégicas que permitam aos investidores ter confiança para investir em grande escala.

Nos países de baixo rendimento (LIC, na sigla em inglês), onde estão a Guiné-Bissau e Moçambique, "a grande prioridade é trazer o investimento privado, que foi a garantia de sucesso para os países que hoje estão num patamar mais acima, o de rendimento médio", como os restantes países lusófonos africanos – Angola, Cabo Verde, Guiné Equatorial e São Tomé e Príncipe.

Para os países de rendimento médio (MIC, na sigla em inglês), as principais recomendações reduzir gastos quando os preços das matérias-primas estão elevados e cortar a despesa quando o preço internacional desce porque "agrava a volatilidade que as economias já têm e aumenta a incerteza que os privados já enfrentam quando têm de operar nesses países" e, por outro lado, "implementar políticas que acelerem o investimento privado".

O Banco Mundial prevê que a economia da África subsaariana cresça mais, de 3,2 por cento no ano passado para 4,1 por cento este ano, com a Guiné-Bissau a ser o país lusófono com a maior expansão, de 5 por cento.

"O crescimento na África subsaariana deverá ser de 4,1 por cento este ano e 4,3 por cento em 2026, com as condições financeiras a melhorarem, a par de um declínio na inflação", diz o Banco Mundial no relatório sobre as Perspectivas Económicas Mundiais divulgado esta Quinta-feira.

No documento, os economistas do Banco Mundial referem que o crescimento da economia na África subsaariana melhorou, de 2,9 por cento em 2023, para 3,2 por cento no ano passado, ainda assim 0,3 pontos abaixo da previsão feita em Junho.

Esta prestação pior que o previsto reflecte "o violento conflito no Sudão e desafios específicos de alguns países que influenciaram a recuperação económica do ano passado".

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