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Consultora PwC estuda acusação de Angola sem fazer comentários para já

A consultora PricewaterhouseCoopers (PwC) disse esta Segunda-feira que está a analisar a acusação das autoridades angolanas de ter facilitado a gestão danosa da empresária Isabel dos Santos, sem comentários a fazer para já sobre o processo.

: Instagram pwc_portugal
Instagram pwc_portugal  

"Estamos a analisar os documentos emitidos pelas autoridades angolanas e não temos, neste momento, comentários a fazer", disse uma fonte oficial contactada pela Lusa na sequência da acusação de ter facilitado a gestão danosa da filha do antigo Presidente de Angola e de ter recebido em serviços de consultoria 10,5 milhões de dólares durante o seu mandato.

No despacho a que a Lusa teve acesso, a PwC é acusada de tráfico de influência e fraude fiscal qualificada.

A acusação refere que a consultora prestou serviços ao longo de vários anos às várias empresas detidas por Isabel dos Santos, enquanto o responsável máximo da PwC e sócio, Sarju Raikundalia, foi seu administrador financeiro na petrolífera estatal angolana.

À consultora esteve também ligado no início da sua carreira Mário Leite da Silva, outro associado da empresária angolana e gestor em várias das suas empresas.

A PwC é identificada como uma das várias consultoras subcontratadas pela Ironsea/Mater, empresa controlada por Isabel dos Santos e seus associados, que recebeu pagamentos da Sonangol em duplicado pelos mesmos serviços de consultoria supostamente prestados no âmbito da concretização do projecto de transformação da Sonangol.

O documento consultado pela Lusa refere que PwC "acobertou" toda a actuação ilícita praticada no âmbito da contratação da Ironsea/Mater – empresa sediada no Dubai a quem a Sonangol fez pagamento ilícitos – e possibilitou recebimentos indevidos em favor da PwC Portugal no exterior do país, apesar da PWC Angola ter sido excluída no concurso realizado pela Sonangol para fazer auditoria às contas da petrolífera em 2016.

Sarju Raikundalia terá entretanto diligenciado junto da PWC para que esta voltasse a remeter a proposta à Sonangol, tendo a administração presidida por Isabel dos Santos deliberado favoravelmente a adjudicação directa à consultora.

"Ciente a arguida PwC Angola de que não tinha capacidade técnica para executar este serviço, sem autorização do Conselho de Administração recorreu à PwC Portugal que lhe disponibilizou cerca de 80 por cento dos seus técnicos", lê-se no documento.

A 18 de Outubro de 2016, a PwC, "mancomunada com os arguidos Isabel dos Santos e Sarju Raikundalia, contratou a PwC Portugal para prestar o mesmo serviço de auditoria, bem como uma carta de honorários no valor de 3,9 milhões de euros, dos quais a Pwc Angola recebeu apenas 395.000 euros.

Com este contrato, a PwC Angola e a PwC Portugal passaram a ser auditoras externas da Sonangol para o ano de 2016, enquanto Sarju Raikundalia, que era anteriormente sócio da PwC Angola, passou a coordenar os trabalhos efectuados pelos consultores, ignorando os conflitos de interesses existentes e a falta de transparência e isenção, salienta a acusação.

Além disso, a PwC Angola e a PwC Portugal emitiram à Sonangol facturas com os mesmos descritivos, dando lugar à duplicação de pagamentos e saída ilícita de capitais em prejuízo da petrolífera.

Quanto aos relatórios de auditoria, foram emitidos intencionalmente, "sem reserva, em manifesta falta de independência e desconsideração das flagrantes irregularidades verificadas", entre as quais pagamentos fraudulentos a várias entidades.

Durante o mandato de Isabel dos Santos à frente da petrolífera estatal, a PwC recebeu 10,5 milhões de dólares no âmbito de contratos de prestação de serviços de auditoria.

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