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Fitch vê Angola a crescer 2,7 por cento e dívida pública a melhorar para 54,5 por cento

A agência de notação financeira Fitch Ratings prevê para Angola um crescimento económico de 2,7 por cento este ano e 2,5 por cento em 2024, ano em que a dívida pública deverá ficar nos 54,5 por cento do PIB.

: Ampe Rogério/Lusa
Ampe Rogério/Lusa  

"A Fitch estima que o crescimento real do Produto Interno Bruto (PIB) de Angola tenha acelerado de 0,7 por cento, em 2021, para 3,1 por cento em 2022, principalmente devido ao robusto desempenho da economia não petrolífera, mas também devido ao regresso ao crescimento positivo do sector do petróleo; prevemos que o crescimento económico desacelere para 2,7 por cento este ano e 2,5 por cento no próximo, principalmente devido a um declínio na produção", diz a Fitch Ratings.

Na nota que acompanha o anúncio da decisão de manter o rating em B- e melhorar a perspectiva de evolução para positiva, os analistas da Fitch escrevem que "a actividade nos sectores para além do petróleo deve continuar robusta, reflectindo a despesa do governo nos esforços de diversificação e a descida das pressões sobre a inflação".

A Fitch estima que a inflação tenha caído de 28,8 por cento, em 2021, para 22,2 por cento no ano passado, "sustentada numa apreciação do kwanza e no fortalecimento do peso dos alimentos na cesta básica (para 55 por cento), e deverá desacelerar ainda mais para uma média de 14 por cento em 2023 e 11 por cento no próximo ano".

A descida do preço do petróleo face aos valores registados no ano passado, influenciados pelos impactos da guerra na Ucrânia, deverá fazer a balança corrente passar a negativa, com valores de -0,8 por cento e -1 por cento em 2023 e 2024, quando no ano passado teve um excedente de 1,7 por cento.

"Isto acontece devido à descida da receita do Governo para 21,1 por cento do PIB em 2023 e 19,3 por cento em 2024, que compara com a estimativa de 23,6 por cento em 2022, o nível mais elevado desde 2015, com os preços do petróleo a caírem de 100 dólares por barril, no ano passado, para 85 e 65 dólares neste e no próximo ano", escrevem os analistas.

A dívida pública, por outro lado, deverá continuar a trajectória descendente que iniciou em 2021, passando de 77,4 por cento, nesse ano, para 60,3 por cento no ano passado e 54,4 por cento no próximo ano.

"A queda do rácio da dívida sobre o PIB em 2022 foi principalmente motivado pela substancial apreciação do kwanza, e esperamos que o declínio adicional até 2024 seja sustentado num forte crescimento do PIB nominal e em excedente primários orçamentais", ou seja, um saldo positivo das contas públicas antes de serem calculados os juros da dívida.

Apesar da melhoria, os riscos persistem, alertam os analistas, notando que "a maturidade média da dívida externa aumentou para 10 anos no final de 2021, quando em 2018 estava nos cinco anos", o que significa que os juros terão de ser pagos durante mais tempo, e cerca de 80 por cento da dívida é externa, a que se junta o facto de "os juros serem elevados relativamente aos seus pares, com o rácio de receitas sobre a dívida a ser de 17 por cento em 2022, bem acima da média" dos países a que a Fitch dá uma nota B, que usam 11,5 por cento das suas receitas para servir a dívida.

No que diz respeito à capacidade do Governo para implementar as políticas públicas, a Fitch considera que a vitória do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) em Agosto do ano passado garante continuidade, e não esperam dificuldades de governação.

"A maioria alcançada pelo MPLA e o regresso pacífico à actividade parlamentar deve garantir a estabilidade política nos próximos anos", escrevem os analistas, concluindo que "apesar de a consolidação orçamental poder ficar mais desafiante com o avolumar de pressões sociais depois de cinco anos de recessão, não são esperadas alterações de políticas pelo novo governo".

A Fitch Ratings melhorou na Sexta-feira a perspectiva de evolução do rating de Angola para positiva, mantendo a opinião sobre a qualidade do crédito soberano em B-, abaixo da recomendação de investimento.

"A perspectiva de evolução positiva reflecte a recente queda abrupta da dívida pública, grandes excedentes da balança corrente e riscos de financiamento mais baixos, sustentados por um ambiente petrolífero mais favorável", lê-se na nota que acompanha a decisão de manter o rating em B-, dois níveis abaixo da recomendação de investimento, ou seja, 'lixo', ou 'junk', como é geralmente designado.

A manutenção do rating neste nível "equilibra a significativa fraqueza estrutural, nomeadamente o mau desempenho nos indicadores de governação e humanos, a elevada inflação e um dos mais elevados níveis de dependência de matérias primas entre os países analisados pela Fitch, com a descida do rácio da dívida pública sobre o PIB, as maiores reservas internacionais em comparação com os seus pares e uma estabilidade macroeconómica melhorada", acrescentam os analistas.

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