Ver Angola

Economia

Crescimento de Angola abranda para 0,5 por cento este ano, considera Capital Economics

A consultora Capital Economics considerou no Sábado que a economia angolana deverá abrandar o crescimento económico para 0,5 por cento este ano e 1,3 por cento em 2024, devido à recessão e aos preços do petróleo.

: Ampe Rogério/Lusa
Ampe Rogério/Lusa  

"Os elevados preços do petróleo foram um impulso para a economia, empurrando a balança corrente para um grande excedente e apoiando a evolução do kwanza, mas o 'empurrão' dado pelo petróleo começou a desvanecer-se, e esta tendência deverá continuar no princípio deste ano", escrevem os analistas na antevisão do ano para as maiores economias da África subsaariana, lembrando que a possível recessão nas economias mais avançadas deverá fazer abrandar a procura global.

Na nota de análise, enviada aos clientes e a que a Lusa teve acesso, os analistas desta consultora britânica dizem que "depois da subida do PIB em 2022 [provavelmente para acima de 3 por cento], a economia deverá crescer apenas 0,5 por cento e 1,3 por cento neste e no próximo ano, o que está bem abaixo da média de consenso" das outras consultoras, que apontam para um crescimento à volta de 3 por cento, e compara com os 3,3 por cento estimados pelo Governo no Orçamento do Estado para este ano.

A produção petrolífera, acrescentam, "deverá continuar a cair, em parte devido aos cortes nas quotas da OPEP+, bem como à falta de investimentos, o que deverá implicar mais dificuldades para aumentar a produção de gás".

As receitas menores, depois de uma significativa subida devido aos elevados preços do petróleo na sequência da invasão da Ucrânia pela Rússia, "significam que o abrandamento da consolidação orçamental deverá ser apenas modesto, o kwanza deverá aguentar-se e o rácio da dívida pública face ao PIB deverá continuar o declínio dramático".

O rácio foi fortemente melhorado nos últimos trimestres não só pela saída da recessão, mas também pela valorização do kwanza face ao dólar, o que fez com que este indicador, seguido de perto pelos investidores internacionais e pelas instituições multilaterais financeiras como indicador da capacidade de pagamento dos compromissos financeiros, vá melhorar neste e no próximo ano.

A Capital Economics prevê que o rácio da dívida face ao PIB desça de 86,4 por cento em 2021 para 57 por cento em 2022 e 45,8 por cento este ano, chegando a 2024 nos 40 por cento, menos de metade do rácio registado em 2021 e confortavelmente abaixo do limiar de 60 por cento considerado como o limite para os países africanos, percepcionados como de maior risco.

Ainda assim, o custo da dívida deverá representar mais de metade das receitas fiscais e a diversificação económica vai continuar a ser adiada ou implementada de forma muito suave.

"Antevemos que o Governo de João Lourenço continue com os esforços de privatização e de diversificação, mas o progresso vai continuar marginal e estará dependente do sector energético", concluem os analistas.

Relacionado

Permita anúncios no nosso site

×

Parece que está a utilizar um bloqueador de anúncios
Utilizamos a publicidade para podermos oferecer-lhe notícias diariamente.