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Angola deve manter crescimento em 2023 mas menos robusto, antecipa economista

A economia angolana deverá manter em 2023 a tendência de crescimento registada em 2022, mas menos robusta do que no ano precedente, mantendo-se o desemprego acima dos 30 por cento, antecipou o economista Wilson Chimoco.

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Em declarações à Lusa, o também docente da Universidade Católica de Angola estimou que o crescimento económico será pouco inclusivo, por assentar sobretudo no sector petrolífero, que, apesar de intensivo em capital, gera escassos rendimentos para a classe mais desfavorecida.

Já a agricultura e o comércio, sectores com elevado nível de empregabilidade, apresentam baixos níveis de produtividade e salários.

Na sua perspectiva, observou o economista, a taxa de desemprego, este ano, deverá manter-se acima dos 30 por cento, e mais de 700 mil pessoas deverão entrar para o mercado de trabalho.

O também investigador e colaborador do Centro de Estudos e Investigação Científica afirmou, no entanto, que apesar das perspectivas de crescimento da economia, não espera que se consiga absorver a elevada necessidade de oferta de trabalho.

Wilson Chimoco sublinha que, se hipoteticamente a taxa de desemprego se fixar abaixo dos 30 por cento, tal deverá justificar-se pela redução do número de pessoas à procura de emprego, por perderem a esperança.

Quanto às perspectivas para o kwanza, o economista referiu que a taxa de câmbio está muito condicionada, quer pela evolução do preço de petróleo, quer pela política monetária do Banco Nacional de Angola (BNA), bem como do custo de vida em Portugal.

O académico destaca ainda que as indicações apontam para preço médio do petróleo a fixar-se próximo dos 80 dólares o barril, "um nível que garante os equilíbrios nas contas externas". Contudo, acrescentou: "Uma redução abaixo desse preço poderá pressionar a taxa de câmbio para próximo dos 550 kwanzas por dólar".

"Por outro lado, há indicações que o BNA deverá continuar a manter a política monetária restritiva, para garantir a taxa de inflação de 11,1 por cento prevista no OGE [Orçamento Geral do Estado], enquanto os níveis de preços na zona Euro vão continuar a aumentar, o que, por um lado, aumenta as necessidades de transferência invisíveis correntes dos expatriados e de angolanos que têm famílias no bloco [europeu] e, por outro, encarece os produtos importados da zona Euro", apontou.

"E claro, a conjugação destes três factores aponta para uma desestabilização do kwanza, com uma tendência para depreciação", sublinhou.

Num olhar sobre o Propriv, programa de privatizações do Governo, Wilson Chimoco considerou que estão a ser cumpridos "mais os objectivos políticos do que económicos".

"Basta ver as entidades que vencem os concursos. A forma como, na generalidade, os activos estão a ser vendidos abaixo do valor inicial previsto pelo Estado. E a reduzida capacidade de o Estado arrecadar receitas com as privatizações, ao mesmo tempo que se assiste à criação de uma bolsa de desemprego com o processo - ver o caso dos trabalhadores da Zona Económica Luanda-Bengo e do Banco de Comércio e Indústria", disse.

Segundo o analista, "está-se a tentar criar uma nova elite no país e o Propriv tem servido bem para este papel. E nos casos em que os processos foram realizados por mecanismos de mercado, via oferta pública de venda, a grande motivação foi impulsionar o novo segmento no mercado de capitais, com pouco valor acrescentado para os accionistas, Sonangol e Endiama".

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