Segundo Divaldo Martins, que falava sobre "Polícia, Investigação e Justiça" num colóquio denominado "Juventude em Acção", as próprias características de Luanda não facilitam a operação policial porque "a cidade é escura, desordenada e gera medo".
"Agora, estamos a falar de criminalidade ou de medo do crime? Provavelmente estamos mais a falar do medo do crime do que da criminalidade", apontou, lamentando as condições em que os efectivos policiais trabalham diariamente.
O sub-comissário Divaldo Martins referiu que a província de Luanda conta actualmente com 21.000 efectivos e cerca de 200 unidades policiais, números "insuficientes" para responder à demanda de mais de oito milhões de habitantes, tal como, disse, a quantidade de viaturas disponíveis para a polícia.
"Se as pessoas soubessem, por exemplo, a quantidade de viaturas que tem a província de Luanda, provavelmente as pessoas que têm mais de um carro poderiam tirar um para nos oferecer", atirou.
Porque, frisou, "quando vamos à Constituição vemos que a segurança pública é um dever do Estado, sim", mas, observou, "também é um dever do cidadão e o que falta é a participação do cidadão".
De acordo com Divaldo Martins, existem algumas incompreensões em relação ao papel da polícia, face à sua realidade: "Apesar dos nossos problemas e erros existem mais heróis na polícia que maus".
"Duvido, com a excepção dos desempregados, que alguém pudesse fazer [o trabalho que a polícia faz diariamente], ganhando o que ganha", comentou.
"Ou seja, poucas pessoas aceitariam fazer, com excepção dos desempregados, o trabalho que a polícia diariamente faz de Cabinda ao Cunene", notou.
Para argumentar o seu posicionamento, Divaldo Martins referiu que a polícia "está submetida a uma grande pressão social e económica".
O número de desempregados, "um país completamente endividado" e daí o encerramento das empresas são factores, que no entender do oficial, se "repercutem na criminalidade", cuja responsabilidade para a sua resolução "é imputada à corporação".
"Criminalidade - Causas e Consequências" foi tema do terceiro painel deste colóquio, promovido em Luanda pelo Ufolo - Centro de Estudos para a Boa Governação - presidido pelo jornalista e activista Rafael Marques.