Numa conferência de imprensa, Isaías Samakuva salientou que a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) vai também promover uma maior fiscalização ao Governo de João Lourenço, e anunciou para o segundo semestre deste ano a realização do XIII Congresso do partido.
Segundo Samakuva, a UNITA vai procurar desfazer as barreiras impostas para o controlo e fiscalização dos actos do executivo, respondendo positivamente ao desejo manifestado por João Lourenço de ver os actos de governação fiscalizados por um Parlamento mais actuante, "que exprima de facto a vontade soberana do povo angolano".
Nesse sentido, prosseguiu Samakuva, a UNITA irá criar novos espaços de diálogo e de intervenção para tornar mais eficaz o controlo e fiscalização da execução do Orçamento Geral do Estado (OGE), do Plano de Desenvolvimento Nacional (PDN) e do Programa de Assistência do Fundo Monetário Internacional.
Sobre as questões judiciais e económicas, o líder da UNITA sublinhou que a associação criminosa não se limita a fraude financeira, advogando a necessidade de mudança do ambiente político e económico, pelo que vai exigir que sejam investigados muitos crimes, incluindo os "actos de quadrilha e traição", entre outros. Samakuva reafirmou que, para tal, a UNITA vai pedir a reactivação das Comissões Parlamentares de Inquérito, assim como controlar a eficácia das medidas preconizadas para o aumento da produção interna.
Quanto à criminalidade de colarinho branco, referiu que a UNITA continuará a apoiar "todas as medidas eficazes de combate à corrupção estrutural, em todas as suas dimensões", exigindo que o Executivo "informe regularmente os angolanos" sobre os progressos obtidos no combate à corrupção financeira e institucional.
Em relação às autárquicas, a UNITA vai apresentar no parlamento propostas para a institucionalização das autarquias, com os aperfeiçoamentos decorrentes da Carta da UNITA da Autonomia Local, recentemente aprovada, e reafirmou a defesa da realização da votação simultânea em todos os 164 municípios do país e não de forma gradual até 2030, tal como defendeu o Governo. Para Isaías Samakuva, a discussão do pacote legislativo autárquico deve constituir prioridade da Assembleia Nacional, "em vez de deixar tudo para o fim", alertando que a implementação das autarquias começa já este ano.
Sobre o conclave do partido, o líder da UNITA indicou que irá realizar-se no segundo semestre deste ano, embora ainda sem data específica, que vai permitir "orientar a dinamização da actividade partidária e contribuir para a consolidação do sistema democrático e para a estabilidade política" do país. Samakuva garantiu, por outro lado, que a UNITA vai lutar por "um ambiente político-institucional adequado, para que os que hoje são poder se possam sentir confortáveis quando, amanhã, forem oposição".
Por outro lado, frisou que o destaque deste ano será a consagração da memória de Savimbi, com a exumação dos restos mortais e o consequente funeral, em local a ser indicado pela direcção do partido. A 10 deste mês, o Governo, pela voz do ministro de Estado e Chefe da Casa de Segurança do Presidente, Pedro Sebastião, garantiu que "estão criadas as condições" para a exumação dos restos mortais do antigo líder da UNITA, mas avisou que o funeral do fundador da maior força da oposição "não terá honras de Estado".
No mesmo dia, Alcides Sakala, porta-voz da UNITA, desvalorizou as afirmações de Pedro Sebastião e assegurou que as cerimónias fúnebres de Savimbi vão "mobilizar milhares de angolanos", mesmo sem honras de Estado.