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Empresários nacionais queixam-se de constrangimentos para investir no país

A classe empresarial nacional mostrou-se satisfeita com o apelo do Governo ao aumento da produção nacional em Angola, mas salientando os constrangimentos que ainda existem e a falta de condições para investir no país.

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Em declarações à agência Lusa à margem do encontro do Governo com mais de meio milhar de empresários nacionais e estrangeiros realizado Segunda-feira em Luanda, Rui Santos, presidente da Associação dos Avicultores de Angola (ANAVI), indicou que há ainda "muito a fazer" para que se possa apostar a sério no sector agrícola e avícola, uma vez que falta matéria-prima, que tem de ser importada, e capacidade para escoar produtos a partir do interior do país.

"Não é assim tão fácil. O Governo está, de facto, a fazer um esforço para aumentarmos a produção, para diminuirmos as importações. Há espaço no território nacional para respondermos a esta iniciativa do Governo. Agora, há muito que fazer, principalmente na indústria, que precisa de matérias-primas que a agricultura não responde", sublinhou.

Segundo Rui Santos, a alternativa é a importação, que vai contra o Programa de Apoio à Produção, Diversificação das Exportações e Substituições das Importações (PRODESI).

"Temos de nos virar para a importação. E é aqui que o Governo precisa de fazer uma concertação. Ainda temos de importar para responder à indústria e para responder, assim, às necessidades do mercado", acrescentou, salientando que a "grande preocupação" são precisamente as matérias-primas.

"Todo o sector agrícola está com dificuldade em obter matérias-primas. Primeiro, não consegue colocar a sua produção, porque os consumidores estão de certa forma descapitalizados. Não há procura do produto, mas os produtores continuam a produzir. Quando vamos à procura das matérias-primas para manter a produção, em função das nossas dificuldades, esse produto sobre de preço. Há aqui uma contradição", afirmou.

Segundo Rui Nunes, actualmente o país está com escassez de milho, pelo que o preço "disparou" e os armazéns estão cheios de ovos que não se conseguem escoar.

"As matérias-primas têm de estar à disposição dos produtores. Onde vamos procurar milho e soja. Não é para amanhã, é para hoje. Os empresários estão numa situação muito difícil e já há empresários a abrir falência", alertou.

Por sua vez, os industriais defendem que as zonas do interior do país devem absorver mais incentivos fiscais e aduaneiros, tal como afirmou José Severino, presidente da Associação Industrial de Angola (AIA), devendo apostar-se sobretudo na agricultura e no turismo para equilibrar as contas do país.

"Se injectarmos o fluxo de moeda para o mercado interno, vamos ter menor pressão sobre a balança cambial, logo, é menos dinheiro e vai desencadear o processo de apreciação da nossa moeda, que não pode ser grande. Mas, tal como está a acontecer, vai tudo para cima das divisas e o rácio entre a procura e a oferta desequilibra-se porque o petróleo não chega. O que acontece? Desvalorização e encarecimento de vida e as reivindicações sociais vão acontecer", sustentou.

Para José Severino, seria bom apostar no interior do país, sobretudo nas áreas da agricultura e do turismo.

"Temos de apostar todos no interior, na agricultura e no turismo. Se assim não fizermos, só com estas medidas de quadro macroeconómico não haverá crescimento acima do crescimento demográfico", sustentou.

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