Numa ronda por alguns dos bairros da capital, a Lusa encontrou kinguilas a transaccionarem um dólar por 450 kwanzas, enquanto cada euro já ronda os 540 kwanzas.
Em Agosto último, por altura das eleições gerais, a compra de cada dólar norte-americano estava em mínimos de 2017, rondando os 370 kwanzas, sendo esta uma alternativa, embora a preços especulativos, para angolanos e expatriados que não conseguem comprar divisas aos balcões dos bancos, face à crise cambial.
Desta forma, no espaço de cerca de uma semana, o euro valorizou mais 5 por cento face ao kwanza, permanecendo com uma cotação mais de duas vezes superior à taxa oficial de câmbio, do Banco Nacional de Angola (BNA), tal como o dólar.
O mercado de rua em Luanda já incorpora a desvalorização do kwanza, ocorrida novamente esta semana, nas transacções que se realizavam esta Sexta-feira na Mutamba, Maculusso e São Paulo.
O mesmo acontece, embora com uma forte quebra no número de negociantes, no bairro dos Mártires de Kifangondo, zona do centro de Luanda apelidada de "Wall Street dos Mártires", dada a quantidade de dólares transaccionados, normalmente à vista de todos, diariamente, apesar dos relatos de operações policiais realizadas desde Dezembro para combater este tipo de negócio.
O kwanza depreciou-se na Terça-feira em mais 11 por cento face ao euro e quase 9 por cento para o dólar norte-americano, no âmbito do novo regime flutuante cambial, segundo cálculos feitos pela Lusa com base nos dados do BNA.
No espaço de uma semana, e desde que a moeda europeia passou a ser a referência para o mercado de câmbios de Angola, a moeda nacional já acumula uma depreciação de quase 25,5 por cento para o euro, que agora vale, na compra, 248,7 kwanzas, e 18 por cento para o dólar, que desde 16 de Janeiro vale 203,6 kwanzas.
Desde o primeiro trimestre de 2016 que a taxa de câmbio oficial definida pelo BNA não sofria alterações, nos 166 kwanzas por cada dólar norte-americano e nos 186 kwanzas por cada euro.