Tornamo-nos escravos do mundo virtual, até parecemos zombies, caminhamos, falamos e comemos a teclar com amigos, enfim não conseguimos viver 24 horas por dia sem aceder ao Facebook, WhatsApp, Instagram ou Snapchat. Estaremos a tornar-nos dependentes das redes sociais? Estará a sociedade actual necessitar de uma desintoxicação?
Se os dependentes químicos necessitam de um tratamento intensivo, creio que os dependentes das redes sociais também o necessitam.
Acordamos, esquecemos-nos muitas das vezes de saudar os que nos rodeiam, aqueles com os quais partilhamos o mesmo teto. Valores como carinho, afecto e até convivência parecem estar cada vez mais distantes nos dias de hoje, podemos chamar a isto modernidade? Desapegamos-mos de quem está ao nosso lado e apegamo-nos mais ao nosso amigo(a) das redes sociais, prestamos mais atenção aos nossos amigos das redes sociais, do que aos presentes. Vivemos juntos e quase não falamos, saímos juntos, mais cada vez mais distantes, o presente tornou-se ausente, e o ausente tornou-se presente, eclodindo um novo modo de vida.
Dormimos e acordamos a teclar, selfies atrás de selfies, publicação atrás de publicação, o consciente dá lugar a um subconsciente virtual, em que a imaginação é remetida a uma sequência monótona diária.
A preocupação consiste em ver quem colocou o gosto (like) na minha foto nova de perfil, quem comentou a minha nova publicação, quais são as notícias frescas (fresh news) do momento, enfim; Assim caminhamos, o tempo passa, e esquecemo-nos de que o mundo segue o seu curso normal e às vezes vivemos fechados entre quatro paredes e um dispositivo desta geração Y;
As oportunidades passam e insistimos em viver uma vida que na maioria das vezes não é nossa, o carro, o vestido, os ténis, o chapéu utilizados na selfie, às vezes nem sequer nos pertencem. Passamos a acreditar mais no que vemos e ouvimos nas redes sociais.
Compras um sapato novo e corres para o exibir no Facebook, viajas todo o mundo mas alguém tem que saber, andas ou compras um novo carro, já lá estás tu a publicar "a minha nova máquina", és promovido no emprego todo o mundo tem que saber, o oculto tornou-se relevado. Onde anda a nossa privacidade? Até momentos íntimos são publicados nas redes sociais. O imoral deu lugar ao moral, o privado tornou-se público. Parecemos até celebridades, mas sem paparazzis!
O irreal dá corpo ao real. Tornamo-nos consumidores e consumistas desde mundo virtual, enquanto uns enriquecem à nossa custa.
Valoriza quem está ao teu redor, faz um uso mais racional das redes sociais, não esqueças que o mundo lá fora espera por ti, faz a tua parte.
Lembra-te que o mundo real é verdadeiro, usa o virtual mas não esqueça do real.