Saúdo com forte aplauso os transportadores, heróis deste país, que crise após crise, continuam a cuidar das suas frotas. Quem cuida ama, quem cuida protege, quem cuida é responsável. No entanto, quem cuida, fazendo manutenção de forma responsável tem que competir em preço com outros que não cuidam. É injusto, desanima quem quer fazer bem.
A todos cabe um papel: polícias, estado e cidadãos.
Aqui fica o meu apelo para quem contrata um transporte: se o veículo não apresenta condições de segurança, recusem. Paguem algo mais, mas façam a opção ajudando quem faz o que é certo. Quem escolhe só por preço está a alimentar quem circula sem cumprir e a próxima vítima pode ser alguém a quem ama.
Se o transporte tem pneus carecas, pressão errada nos pneus, carrega um contentor sem trancar os fechos de segurança, tem a mangueira amarela desligada, tem folga no pivot ou na 5.ª roda, não tem as borrachas de amortecimento... e tantos outras "sem"... a todos e qualquer um destes falta apenas uma coisa: sentido de responsabilidade.
A quem possa eventualmente ler que não seja da área, explico: pneus carecas ou com a pressão errada, aquecem muito mais, rebentam em andamento e projectam as telas. São bombas circulantes.
O contentor com os fechos abertos pode cair numa curva, move-se numa travagem, desequilibra, faz perder o controlo do veículo.
Mangueira amarela desligada, o reboque circula sem travões. Numa travagem, como só a cabeça tractora tem travões, por efeito da inércia, vai girar lateralmente, varrer tudo à sua volta, é um míssil descomandado.
A união pivot/5.ª roda é o ponto onde o tractor atrela o semi-reboque. Uma falha nesta ligação faz o semi-reboque cair, desatrelar, virar-se, destruir-se e seguramente destruir tudo à sua passagem.
Quando nos cruzamos com um semi-reboque que faz tremer o nosso carro como se fosse um tremor de terra e cujo som parece uma trovoada, a mesma vibração que sentimos é transmitida à estrada. Esses veículos são martelos pneumáticos destruidores de estradas. Muitos falam da má qualidade da construção das estradas, mas penso que é necessário falar também de como determinados veículos as destroem muito mais que outros.
Todos este pontos podem ser vistos a olho nú, não exigem nenhum equipamento ou competência técnica. E qualquer um destes pode ceifar uma vida.
Vamos todos dar as mãos e fazer as nossas estradas mais seguras. Fazer o certo nunca é errado.