Em declarações à agência Lusa, o director-geral da Cáritas de Angola, Eusébio Amarante, referiu que a campanha foi oficialmente lançada esta Segunda-feira, mas em algumas províncias já tinha sido iniciada a recolha.
Segundo Eusébio Amarante, a Cáritas, em colaboração com a Comissão Episcopal para os Imigrantes e Itinerantes da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST), vai levar esta campanha até ao final do mês de Maio, mas poderá ser prorrogada em caso de necessidade.
Eusébio Amarante referiu que a Cáritas respondeu a um apelo feito pelo Governo angolano, mais concretamente pela direcção provincial do Ministério da Assistência e Reinserção Social na Lunda Norte.
O pedido de socorro vem igualmente do bispo da diocese da Lunda Norte, Estanislau Chindekasse, que descreve como "mal" a situação dos refugiados congoleses.
"Os relatos que recebemos da situação dizem que está mal, significa que as pessoas continuam a chegar. Tem muita gente que se encontra nas matas em transição das suas zonas conflituosas para as zonas do nosso país e tem muita fome, muitos feridos, doentes, crianças, não só as que vêm acompanhadas pelos pais, mas aquelas que fugiram e agora estão sozinhas no meio do mato e tem também velhos que estão isolados", descreveu Eusébio Amarante.
O responsável disse que estão a solicitar doações de produtos não perecíveis, vestuário, enxadas, chapas para a construção de abrigo e medicamentos. "Estamos a pedir tudo o que não é perecível, roupa, os que estão a vir, estão a vir a correr, de mãos a abanar, vai começar agora o frio, cobertores, comida, chapas, enxadas, medicamentos, coisas de premente necessidade estamos a receber", apontou.
Acrescentou que as províncias de Luanda, Uíge e Bengo se sensibilizaram desde os primeiros momentos com a chegada dos refugiados, o que "é um bom indicador no sentido de solidariedade para com as pessoas que de facto se reconhece estarem a passar muito mal".
Em causa estão conflitos étnico-políticos no Kasai e Kasai Central, na RDCongo, que desde meados de 2016, já provocaram, segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), um milhão de deslocados. Mais de 20.000 refugiados entraram na província da Lunda Norte só desde Abril.