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Cedesa: EUA querem evitar “completo domínio” chinês e russo em África através de Angola

O Cedesa, entidade que estuda assuntos de Angola, defendeu esta Segunda-feira que o “ponto essencial" no novo relacionamento dos Estados Unidos com o país é a estabilidade em África e “evitar o completo domínio" chinês e russo do continente.

: CIPRA
CIPRA  

"Angola funciona como um factor de projecção do soft-power [poder moderado] americano na África Central e Austral e também no Golfo da Guiné, garantindo a defesa dos interesses do ocidente no continente, apartados duma perspectiva neocolonial", o que tem um "impacto estratégico profundo".

"Trata-se de garantir o acesso ao hinterland [interior] africano, mantendo a sua estabilidade e a segurança das rotas marítimas, e evitando o completo domínio chinês e russo de África", conclui o grupo de académicos num relatório a que a Lusa teve acesso esta Segunda-feira.

Durante a visita do Presidente norte-americano, Joe Biden, a Angola, na semana passada, o chefe de Estado, João Lourenço, referiu que gostaria "de ver incrementada a cooperação no sector da Defesa e Segurança", nomeadamente no treino militar em Angola, com exercícios militares conjuntos, "cooperar mais nos programas de segurança marítima para a protecção do Golfo da Guiné e do Atlântico Sul, assim como no programa de reequipamento e modernização das Forças Armadas Angolanas", adianta-se no documento do grupo de académicos.

Este relatório do Cedesa, com o título "Biden em Angola: depois do adeus. Rumos e prospectivas para as relações Angola-EUA", surge na sequência da vista de três dias do Presidente norte-americano, Joe Biden, a Angola, marcada, entre outros anúncios, por um aumento do investimento dos Estados Unidos para o Corredor do Lobito, em mais 600 milhões de dólares.

Os 600 milhões de dólares vão juntar-se aos mais de três mil milhões de dólares atribuídos até agora por Washington a projectos ligados ao Corredor do Lobito, uma infra-estrutura ferroviária que liga Angola às zonas de minérios da República Democrática do Congo (RDC) e da Zâmbia vista como um afirmar das ambições dos EUA face à China no continente africano.

Segundo a análise da Cedesa, os Estados Unidos e Angola têm estado a reforçar os seus laços de defesa através de iniciativas estratégicas e programas conjuntos destinados "a robustecer a capacidade de Angola de manter a estabilidade dentro das suas fronteiras e contribuir para a paz regional".

Por isso, na opinião daquela entidade, após a visita de Biden, "o país torna-se um parceiro indispensável na promoção da segurança regional e na abordagem dos desafios globais, desde a segurança marítima ao combate ao crime transnacional".

Assim, relembra no documento, que, recentemente, em Junho de 2024, houve a reunião inaugural do Comité Conjunto Angolano-EUA de Cooperação em Defesa (DEFCOM), que marcou "um avanço significativo", com os dois países a assinarem um acordo para troca de bens e serviços logísticos entre os seus militares, colaborando em áreas críticas como a manutenção da paz, a defesa cibernética, a engenharia e o desenvolvimento da nascente guarda costeira de Angola.

Em Setembro de 2024, Angola aderiu ao Programa de Parceria de Estado (SPP) do Departamento de Defesa dos EUA, "integrando ainda mais os seus esforços militares com os dos Estados Unidos", indica também.

O Cedesa considera que com a adesão a estes programas, "Angola não só está a fortalecer a sua defesa nacional, mas também a tornar-se um modelo de segurança na África subsaariana", bem como o "papel estratégico" do país "na promoção de uma região atlântica segura e próspera".

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