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Angolana Josefa Sacko é a única candidata lusófona pré-qualificada para comissão da União Africana

A angolana Josefa Sacko é a única representante lusófona na lista de 25 candidatos pré-qualificados para a eleição da próxima Comissão da União Africana (UA), que, em Fevereiro, deverá reconduzir o chadiano Moussa Faki Mahamat na presidência.

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A engenheira agrónoma e ex-ministra Josefa Leonel Correia Sacko, actual comissária para a Agricultura e Economia Rural, vai procurar a reeleição na próxima cimeira da União Africana, ainda sem data marcada, mas que deverá ocorrer previsivelmente em Fevereiro.

Na futura comissão, a pasta terá, além da Agricultura e Economia Rural, a Economia Azul e o Ambiente.

De acordo com a lista final de candidatos pré-qualificados, a que a agência Lusa teve acesso, a candidata angolana é a mais bem avaliada entre os quatro candidatos, com uma pontuação de 81.65 por cento.

Os adversários da Sacko na corrida são representantes da Gâmbia, Uganda e Marrocos.

A nova comissão, a primeira a ser eleita após o processo de reforma da UA iniciado em 2016 sob supervisão do Presidente ruandês, Paul Kagamé, terá menos comissários e será eleita através de um novo sistema baseado no mérito.

A estrutura de liderança da União Africana será composta por oito membros, incluindo um presidente, um vice-presidente e seis comissários, menos dois lugares do que na anterior comissão.

A organização lançou no Verão um apelo aos 55 Estados-membros, em que se incluem os lusófonos Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique e São Tomé e Príncipe, para que nomeassem candidatos para ocupar os lugares em disputa.

Além do mérito, as candidaturas teriam de recolher o apoio das regiões de onde são oriundas e os critérios de selecção deveriam respeitar a representatividade regional e a igualdade de género, bem como a rotação entre regiões e países por ordem alfabética.

Os lugares serão repartidos de forma igualitária entre homens e mulheres.

Um painel de peritos reviu uma lista de 89 candidaturas, tendo pré-qualificado 25 candidatos que terão agora de ser eleitos pelo Conselho Executivo da União Africana, composto pelos ministros dos Negócios Estrangeiros dos Estados-membros da organização.

Para a liderança da comissão, o actual presidente e ex-ministro dos Negócios Estrangeiros do Chade, Moussa Faki Mahamat, recandidata-se sem oposição, mas precisa de conseguir dois terços dos votos dos países para se manter no posto.

A confirmar-se a eleição de Moussa Faki Mahamat, a vice-presidência deverá ser ocupada por uma mulher.

Na corrida para este posto estão representantes do Djibuti, Uganda, Ruanda, Gana e Gâmbia.

Na nova comissão, os Assuntos Políticos e a Paz e Segurança serão fundidos num único departamento, um posto considerado crucial na estrutura da organização.

A pasta dos Assuntos Políticos é ocupada por mulheres desde 2003, enquanto para a da Paz e Segurança tem sido sempre escolhido um homem.

O mandato do actual comissário para a Paz e Segurança, Smaїl Chergui, da Argélia, está a terminar, após dois mandatos iniciados em 2013.

Entre os quatro candidatos pré-qualificados para o lugar, está a diplomata do Burkina Faso Minate Samate, atual comissária para os Assuntos Políticos, que vai procurar a reeleição após ter conseguido uma pontuação de 86.73 por cento na pré-selecção.

O melhor classificado para esta posição foi, no entanto, o diplomata nigeriano Bankole Adegboyega Adeoye, embaixador da Nigéria na Etiópia e na União Africana.

Foram também pré-seleccionados para este lugar candidatos da África do Sul e da Tanzânia.

Entre as 15 nomeações iniciais para o lugar estava a da diplomata e política moçambicana Maria Manuela dos Santos Lucas.

O zambiano Albert Muchanga procura igualmente a reeleição para comissário do Desenvolvimento Económico, Comércio, Indústria e Mineração, contando com a concorrência de representantes da Serra Leoa, Uganda, Maurícias e Tanzânia.

Também na corrida para a reeleição para comissária para as Infra-estruturas e Energia está a egípcia Amani Abou-Zeid, que concorre com candidatos do Zimbabué, Quénia e Ruanda.

A pasta da Educação, Ciência, Tecnologia e Inovação, actualmente ocupada pela camaronesa Sarah Mbi Enow Anyang, será disputada entre candidatos da África do Sul, Etiópia Maurícias, Zimbabué e Uganda.

Ao lugar de comissário da Saúde, Assuntos Humanitários e Desenvolvimento Social, apresentam-se candidatos da Costa do Marfim, Quénia e Mauritânia.

De acordo com uma análise do European Centre for Development Policy Management (ECDPM), um 'think thank' independente sobre as relações entre a Europa e África, apesar da exigência de paridade de género no processo eleitoral, apenas 29 por cento dos 89 candidatos nomeados para cargos na comissão são mulheres e apenas oito integram a lista final de 25 candidatos pré-qualificados.

Os oito membros da nova comissão serão eleitos na 34.ª assembleia de chefes de Estado e de Governo da União Africana, previsivelmente em Fevereiro de 2021, numa votação que incluirá pela primeira vez todos os 55 Estados-membros, desde a readmissão de Marrocos.

Os membros da comissão são eleitos para um mandato de quatro anos renovável uma vez.

A última eleição, realizada em Janeiro de 2017, nomeou Moussa Mahamat Faki, do Chade, como Presidente e Thomas Kwesi Quartey, do Gana, como vice-presidente.

Em 2020, a presidência rotativa da União Africana foi assegurada pela África do Sul, passando no próximo ano para a República Democrática do Congo (RDC).

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