"A expectativa quanto ao OGE 2020 aprovado hoje [Quinta-feira] é, praticamente, nenhuma, porque este é um Orçamento que do ponto de vista da sua estrutura está orientado com cerca de 60 por cento para o pagamento da dívida, restando pouco menos de 40 por cento para outras despesas", declarou à Lusa o secretário-geral da UNTA-CS, Manuel Viage.
Para o sindicalista, parte dos restantes 40 por cento do OGE2020, que estima receitas e despesas de cerca de 15 biliões de kwanzas, é para despesa com pessoal, restando uma "insignificante fatia para o investimento".
"Quer dizer que despesas de capital orientadas para o investimento é uma coisinha que não significa nada, ora se não há investimentos não há possibilidade de crescimento, do emprego e nem da economia", atirou.
O parlamento aprovou esta Quinta-feira na globalidade o OGE para o exercício económico de 2020, com 132 votos a favor do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), 50 contra da União Nacional para Independência Total de Angola (UNITA) e Convergência Ampla de Salvação de Angola - Coligação Eleitoral (CASA-SE), ambos da oposição, e duas abstenções do Partido de Renovação Social (PRS).
Mais da metade do OGE2020, elaborado ao preço médio do barril de petróleo a 55 dólares, é para pagar o serviço da dívida pública, com o Governo a assumir que "é o Orçamento possível diante das circunstâncias económicas e financeiras".
"Teremos, em 2020, o OGE possível diante das circunstâncias económicas e financeira que vivemos, mas um OGE muito concentrado naquilo que é a disponibilidade possível de continuar a priorizar o sector social", afirmou a ministra das Finanças, Vera Daves, no final da aprovação do documento.
Manuel Viage considerou ainda que o OGE2020 compreende um "ambiente de incertezas", realçando: "Não estamos a ver em 2020 uma melhoria relativa do quadro que estamos a viver actualmente".
O OGE2020 perspectiva um crescimento nominal do produto interno bruto (PIB) de 1,8 por cento, em que o sector petrolífero terá um crescimento de 1,9 por cento.