A entrada no segundo ano do Programa de Estabilização Macroeconómica (PEM), e com as reformas económicas em curso, têm animado o Governo do Presidente João Lourenço com as sucessivas perspectivas de crescimento económico de vários analistas a variarem entre os 0,9 por cento e os 2,8 por cento, enquanto o Governo o estima em 1,45 por cento.
A oscilação do preço do petróleo, que continua a garantir cerca de 80 por cento das receitas, já foi desdramatizada pelo Governo que, através do ministro das Finanças, Archer Mangueira, prometeu que o executivo está preparado para qualquer cenário, apesar do risco.
A preocupação é, porém, uma constante, face ao facto de o Orçamento Geral do Estado (OGE) para 2019 ter sido projetado com base em 68 dólares no preço do barril, valor que se situa atualmente em torno dos 58/60 dólares, e que poderá levar a um orçamento retificativo, mas apenas no final do primeiro trimestre do próximo ano.
Outro cenário, tal como sugeriu João Lourenço durante a visita de Estado que efetuou em Novembro a Portugal, passa por acelerar o processo de privatizações em 2019 para compensar eventuais desarranjos económicos.
Para 2019, o Governo pensa também começar a recolher os dividendos da "diplomacia económica" efectuada por João Lourenço ao longo do ano em curso, em que garantiu mais de 6000 milhões de dólares oriundos da China e do Fundo Monetário Internacional (FMI), além de outras promessas de investimento directo para apoiar a diversificação económica do país, agravando, porém, o endividamento.
A consolidação fiscal é outro dos objectivos com a introdução do Imposto de Valor Acrescentado (IVA), inicialmente prevista já para Janeiro, mas adiada para Julho, em que espera arrecadar mais de 440 milhões de dólares.
Além das reformas económicas e dos incentivos ao investimento directo estrangeiro, o grande desafio do Governo é a diversificação económica, cujos apelos têm tido eco de investidores, sobretudo nas áreas da agricultura e agropecuária, para garantir a autossuficiência alimentar e reduzir as divisas gastas na importação.
Com críticas de vários sectores, a actuação do Governo tem sido acusada de não estar a privilegiar o emprego (cerca de 40 por cento dos jovens está sem emprego), razão pela qual tem sido grande a contestação social, sobretudo da sociedade civil, que afirma não ver, em 2019, grandes perspectivas de mudança no bolso dos cidadãos.
A depreciação da moeda nacional, o kwanza, que em 2018 caiu cerca de 47 por cento face ao euro e ao dólar, deverá manter a tendência estável dos últimos dois meses de 2018, não se descartando, porém, que um mau desempenho económico poderá forçar a novas medidas e acentuar a queda.