As introduções ficaram a cargo de Emídio de Sousa, Presidente da Câmara Municipal de Santa Maria da Feira, que destacou o seu município como “o coração da indústria de Portugal”, desafiando a CPLP a alojar uma delegação da União de Exportadores no Europarque.
Seguiu-se Mário Costa, presidente da União de Exportadores da CPLP, que realçou a presença no fórum de países que não pertencem à comunidade como Irlanda, França, Bélgica, Holanda, Luxemburgo ou Gabão. “Estamos nos quatro cantos do mundo. Temos condições para ser uma potência à escala mundial”, disse, repetindo as palavras que já tinha proferido na sessão de abertura do fórum.
Afirmando que “nunca se falou tanto da CPLP no mundo como agora”, o presidente destacou ainda a necessidade de cultivar a cultura de comunidade e o facto de os negócios na abrangência da Comunidade de Países de Língua Portuguesa serem “uma maratona, e não um sprint”, não deixando de assinalar as mais de 1000 reuniões B2B agendadas para Sábado, entre empresários e representantes de 20 países.
Antes do debate houve ainda tempo para palavras de Salimo Abdula, Presidente da CE da CPLP, que mostrou a “necessidade de cimentar a CPLP como um bloco económico no mundo” e de Manuel Caldeira Cabral, ministro da Economia português. O representante do Governo de Portugal afirmou que “dificuldades económicas vão existir sempre”, mas destacou a resiliência das empresas, mostrando-se confiante na melhoria das condições económicas. O titular da pasta da Economia deu como exemplo a construção de uma fábrica em Angola por uma empresa portuguesa, afirmando que “apesar das dificuldades” continuam a existir boas oportunidades. O economista teceu ainda elogios ao Governo angolano, reconhecendo o seu “emprenho na diversificação da economia”.
Um debate curto e um convidado especial
O assunto dava “pano para mangas” mas o tempo era escasso. No palco eram anunciadas as personalidades que fariam parte do painel de especialistas que debateria a CPLP e as suas oportunidades de negócio, sob o comando do conhecido jornalista português Carlos Daniel.
Teixeira dos Santos, antigo ministro das Finanças de Portugal e actual Presidente Executivo do Banco BIC foi a primeira intervenção, relembrando a fundação da CPLP e dizendo acreditar “piamente” no potencial da comunidade.
Do Brasil chegava o testemunho de George Pinheiro, Presidente da Confederação das Associações Comerciais e Empresariais, que mostrou a necessidade de “fazer menos com os políticos e mais com os empresários” em termos de investimento.
Já o português Luís Marques Mendes, actual Conselheiro de Estado, tomou a palavra para mostrar a sua “visão optimista” da CPLP. “Na Ásia, Europa, América do Sul, há vontade de cooperar com a CPLP. Esta é a prova provada de que este é um grande projecto”, afirmou.
Um convidado inesperado no debate, José Joanes André teve também lugar no palco. Apesar do seu nome não constar no programa, o Governador da Província do Zaire esteve em posição de destaque, e depois de abrilhantar a Sala Temática Angola continuou a demonstrar o seu à vontade por entre um painel de oradores de peso, nunca deixando de evidenciar as capacidades de Angola e, em especial, da sua província.
“Angola é um país que tem tudo o que se necessita como matéria-prima”, começou por dizer, afirmando que o nosso país continua a receber investimento e que já resistiu a crises do petróleo em 2008/2009. O Governador destacou ainda a importância do sector energético e a sua necessidade para o desenvolvimento de outros sectores económicos como a agricultura e a indústria: “Agora sim estamos prontos para acolher os investimentos nas outras áreas”.
Sem nunca poupar elogios à “sua província”, José Joanes André incentivou os investidores a passar da teoria à prática, afirmando que “Angola está pronta”. “Daquilo que existe de melhor no mundo, Angola tem. E daquilo que existe de melhor em Angola, a minha província tem”, reiterou convicto.
Já depois do sol se pôr, a conferência encerrava com declarações de Fernando Elísio Freire, ministro dos Assuntos Parlamentares e Presidência do Conselho de Ministros e ministro do Desporto de Cabo Verde, que referiu que “hoje a CPLP é uma realidade”. Expressando o seu desejo de “fazer da CPLP um espaço de cidadãos e empresas”, afirmou que o sucesso passará pelo dia em que existir livre circulação de pessoas e bens na comunidade.
O dia já ia longo quando Murade Murargy, Secretário Executivo da CPLP, subia ao palco para aquele que seria o seu último discurso em fóruns da comunidade antes de ser substituído por Maria do Carmo Silveira, indicada por São Tomé e Príncipe e cujo mandato terá início no primeiro dia de 2017.
O secretário destacou o esforço feito pela comunidade em “recolocar a CPLP” na agenda dos países. “Tudo o que foi aqui feito e dito, foi porque a CPLP reforçou a sua importância junto dos países”, afirmou.
Colocando uma “revolução” da CPLP como o principal objectivo do seu mandato, concluiu situando a comunidade como “um movimento, sem limites”, antevendo a livre circulação de bens e pessoas como a principal meta da comunidade para os próximos anos.