Ao discursar na cerimónia de tomada de posse, o chefe de Estado começou por se dirigir ao novo ministro da Agricultura e Florestas, Isaac dos Anjos, pedindo mais ambição neste domínio.
"O ministro Isaac dos Anjos já foi ministro desta pasta, precisamente desta pasta da Agricultura, numa outra conjuntura. Volta a ocupar o mesmo lugar. O que nós esperamos de si é que tenha em mente a necessidade de sermos mais ambiciosos neste domínio da Agricultura, numa altura em que muito se fala da necessidade do combate à fome e à miséria, da necessidade de garantirmos a segurança alimentar", disse.
Segundo João Lourenço, o país "tem tudo para dar certo neste domínio da Agricultura, tudo ou praticamente tudo: terras aráveis, água abundante, bom clima, gente com vontade de trabalhar".
"As famílias, sobretudo as do campo, estão a dar-nos uma grande lição", considerou, acrescentando que "a agricultura familiar está a crescer a olhos vistos", existindo já "muita produção no campo, de praticamente todos os bens essenciais ao consumo humano".
No entanto, o Presidente diz que é preciso melhor organização e políticas capazes de maximizar esses recursos: "Precisamos é organizar melhor, de ter políticas que possam maximizar os recursos disponíveis neste sector".
"Vem aí a fábrica de fertilizantes do Soyo, a fábrica de vacina animal do Huambo. Com estes dois investimentos, teremos basicamente tudo o que necessitamos para dar o tão esperado salto na produção agrícola", disse.
Na sua intervenção, João Lourenço referiu igualmente que o governo "está a fazer um esforço muito grande em levar água em abundância" para o Sul do país, designadamente para as províncias da Huíla, Cunene e Namibe, "com projectos que são caros, que vão acumular e distribuir milhões de metros cúbicos de água".
"Precisamos tirar o máximo proveito desse investimento, que já está a decorrer no Cunene; acontecerá em breve na Huíla e no Namibe", apontou, acrescentando: "Esses milhões de metros cúbicos de água devem ser transformados em alimentos. Só assim se justifica o esforço que estamos a fazer".
Assim, dirigindo-se ao novo ministro, João Lourenço disse que o se espera dele "é que elabore um plano com vista a se tirar o maior proveito possível desses investimentos que estão a ser feitos no quadro do vasto programa de combate aos efeitos da seca no Sul de Angola".
Também o aconselhou a trabalhar em conjunto com o ministro da Energia e Águas para se inteirar dos projectos: "Trabalhe com o seu colega ministro da Energia e Águas, que antecipadamente pode dar [informação sobre] o que está a ser feito, o que se vai fazer, as áreas, as localizações exactas, a quantidade de água que se espera de cada um daqueles projectos e, em função disso, planifique o que importa fazer para aumentarmos a oferta de bens alimentares".
O domínio do Ensino Superior também mereceu especial atenção no discurso do Presidente da República, que disse ser preciso "mudar o quadro, sobretudo das instituições públicas de Ensino Superior".
"Para isso, precisa fazer um diagnóstico, mas não vamos pressionar. Tome o tempo que julgar necessário. Um diagnóstico que identifique os pontos fracos, onde devemos melhorar e traga-nos propostas concretas do que entende ser necessário fazer-se para passarmos a ter um ensino superior público de qualidade, exigente, que não se limite a dar diplomas mas que forme, de facto, os nossos jovens que acorrem a este sistema de ensino", apontou.
João Lourenço considerou ainda que o facto do novo ministro do Ensino Superior, Albano Ferreira, ser da "casa" o coloca em vantagem por conhecer o sistema.
"Também é da casa e, por ser da casa, está em vantagem. Conhece pelo menos parte de todo o sistema. Ande um pouco pelo país, faça visitas às instituições, porque uma visita de campo, uma visita no terreno, vale mais do que ler dez relatórios sobre o mesmo problema", disse.
Assim, aconselhou os novos governantes a abandonarem os gabinetes para se familiarizarem com a realidade do país: "Abandonem um pouco os gabinetes e mantenham contacto com as instituições que estão sob vossa tutela".
Por fim, João Lourenço desejou "muito sucesso" aos recém-empossados no exercício das suas funções.
Além de Isaac dos Anjos (ministro da Agricultura e Florestas) e Albano Ferreira (ministro do Ensino Superior, Ciência, Tecnologia e Inovação), o chefe de Estado também conferiu posse aos vice-governadores para os Serviços Técnicos e Infra-Estruturas das províncias de Cabinda e de Luanda, Juliano Cuabi Niongue Capita e Calunga Francisco Zage Quissanga, respectivamente.
A cerimónia, segundo uma nota do CIPRA, a que o VerAngola teve acesso, decorreu no Salão Nobre do Palácio Presidencial e contou com a presença da vice-Presidente da República, Esperança da Costa, bem como de ministros de Estado, ministros e secretários do Presidente da República.