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Mercado de capitais em Angola tem “registado um progresso notório ao nível da sua robustez e preparação”

O mercado de capitais em Angola tem “registado um progresso notório ao nível da sua robustez e preparação, com a criação de um ambiente regulatório mais robusto e de mecanismos de protecção aos investidores”, defende João Rueff Tavares, Director da EY Angola, no âmbito da participação no debate ‘Novas formas de investimento e financiamento de capitais’, integrado no Forbes África Lusófona Annual Summit 2024.

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Abordando o “papel crucial” desempenhado pela Bodiva (Bolsa de Dívida e Valores de Angola) no desenvolvimento do mercado financeiro a nível global, e em particular nas economias de geografias emergentes, o director da EY Angola destaca a existência de “cada vez mais empresas listadas” e o facto de “o caminho percorrido pelas empresas que já estão na BODIVA abrir perspectivas positivas para as empresas que virão a seguir”.
 
Apesar do progresso do mercado de capitais, João Rueff Tavares aponta alguns desafios, já que “o ambiente económico e de negócios tem sido marcado por sinais de volatilidade e alguma incerteza, com impactos ao nível da estabilidade cambial, controlo da inflação, pressão regulatória, a que se junta a mais recente confirmação da entrada na lista cinzenta do GAFI”.
 
Para o responsável, “não obstante o crescimento, existem desafios, como a necessidade de maior transparência, liquidez e a criação de um ambiente mais amigável para os investidores”.
 
Num olhar para o panorama angolano, o responsável realça o “potencial elevado que poderão representar formas alternativas de financiamento à economia, em linha com casos de sucesso em economias maduras”, destacando como exemplos: o crowdfunding, que permite que um grande número de pessoas financiem projectos ou startups, atraindo investimentos menores e democratizando o acesso ao capital; os micro-Investimentos em bolsas de valores, que facilitam o investimento em acções ou fundos com quantias mínimas; e os investimentos em criptoactivos, oferecendo novos métodos de investimento e diversificação de portfólio.
 
“Temos ainda as plataformas de pagamento por desempenho, em que o financiamento é condicionado ao sucesso ou ao desempenho de projectos específicos. Um exemplo são os Social Impact Bonds (SIB), utilizados em vários países como o Reino Unido e os Estados Unidos da América, onde os investidores recebem retorno caso as metas sociais sejam alcançadas”, explica.
 
Para João Rueff Tavares, “olhando para o país e para o que se pretende a médio e longo prazo em termos de  democratização e massificação do acesso ao mercado de capitais, é necessário pensar de modo mais abrangente e em novas formas de financiamento, que possam incluir todos”.
 
Segundo o director da EY Angola, é ainda necessário que a entrada no mercado de capitais seja vista e encarada “do ponto de vista do propósito”. “Temos uma população jovem cada vez mais letrada e com maior acesso à informação e, por isso, temos que lhes dar um propósito para testarem e verificarem o que o mercado de capitais lhes pode dar”.
 
Sobre as oportunidades para que as Pequenas e Médias Empresas (PMEs) possam prosperar, João Rueff Tavares salienta a necessidade de “fortalecer as capacidades financeiras, haver um maior acesso a formação e criarem-se parcerias estratégicas”.
 
“Enquanto isto, é necessário promover um ambiente regulatório mais favorável para incentivar o crescimento das PMEs, que não encontram numa praça de negociação uma resposta para suas necessidades (pelos requisitos de capital, reporting, regulatórios que são necessários responder), fundamentais para o desenvolvimento económico e social do país. A combinação desses factores sugere um futuro promissor para o mercado de capitais em Angola, desde que haja um compromisso contínuo com a modernização e a inclusão financeira”, conclui.

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