O Banco Nacional de Angola (BNA) estimou na Terça-feira que o crescimento económico do país vá atingir 4 por cento no final do ano, enquanto a inflação deverá continuar a baixar fixando-se em torno dos 27 por cento.
Para o economista Carlos Rosado de Carvalho, o BNA foi pessimista na sua previsão sobre a inflação de 2024, sobretudo porque inicialmente apontava para uma inflação anual de perto de 24 por cento até Dezembro.
"Relativamente à inflação, eles [o BNA] aí são mais pessimistas do que eram, [pois] começam por prever 24 por cento e agora aumentam a previsão para 27 por cento, são previsões que a gente não consegue entender muito bem como elas são [feitas]", disse o economista à Lusa.
Rosado de Carvalho, que desafia o BNA a fazer previsões regulares sobre a economia nacional, disse, por outro lado, que, em relação às projecções sobre crescimento da economia, que deve atingir 4 por cento, o banco central foi "bastante optimista", ante as previsões do Governo (3,3 por cento) e de organismos internacionais.
Esta previsão de crescimento económico para Angola (4 por cento), ultrapassa as previsões do Banco Mundial (3,2 por cento) e, sobretudo, é mais do que o Fundo Monetário Internacional prevê (2,4 por cento), referiu o economista, questionando os cálculos do BNA.
"Portanto, eu não sei onde é que o BNA foi buscar esta projecção e, ainda por cima, é das primeiras vezes que o BNA vem falar em previsões de crescimento, normalmente eles nunca falam. Acho que eles precisam de explicar melhor de onde é que vêm esses 4 por cento", concluiu o também docente universitário.
Segundo o economista Alberto Vunge, a expectativa do BNA para a inflação acumulada para 2024, estimada agora em 27 por cento, está distante da meta definida no início do ano, apontando para a remoção dos subsídios aos combustíveis, o aumento do preço dos transportes e telecomunicações como factores influenciadores.
"Mas, há aqui um outro factor importante que é a irregularidade no fornecimento de bens de consumo amplo, foi uma marca que efectivamente tivemos este ano, todos nos lembramos que existiram meses neste ano em que os preços dos bens de consumo amplo se agravaram de forma drástica", disse o economista.
À Lusa, Alberto Vunge considerou também que a oferta de divisas durante o ano foi um outro factor que pesou na determinação dos preços durante 2024, salientando, contudo, que esses "factores – à luz do comunicado do Comité de Política Monetária do BNA – estão actualmente controlados".
"São factores que estão controlados, principalmente no que toca a oferta de bens de amplo consumo", rematou.
O governador do BNA, Manuel Tiago Dias, estimou um crescimento económico do país em torno de 4 por cento "tendo em conta, por um lado, a dinâmica do PIB (Produto Interno Bruto) e, por outro lado, a informação resultante do acompanhamento da actividade económica nacional".