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Capital Economics: Trump na presidência dos EUA pode dificultar regresso de Angola aos mercados

A consultora Capital Economics considera que Donald Trump na presidência dos Estados Unidos pode dificultar o regresso de Angola aos mercados financeiros e desvalorizar o kwanza, facilitando um novo programa com o Fundo Monetário Internacional (FMI).

: Facebook Donald J. Trump
Facebook Donald J. Trump  

"A vitória de Donald Trump tem tido uma resposta silenciosa por parte dos mercados financeiros africanos, mas há uma clara preocupação de que um aumento das tarifas norte-americanas pode levar a um fortalecimento mais pronunciado do dólar, maiores quedas nas moedas locais e tornar o regresso aos mercados financeiros ainda mais difíceis para alguns países", escreve o analista David Omojomolo numa análise a que a Lusa teve acesso esta Terça-feira.

"Estamos principalmente preocupados com Angola e com o Quénia; a moeda de Angola tem estado sob pressão há algum tempo e na semana passada o governo avisou para o problema dos custos de servir a dívida e dificuldades de financiar a despesa pública corrente", acrescentou numa nota sobre o impacto da nova Presidência norte-americana, e a que a Lusa teve acesso esta Terça-feira.

Neste contexto, considera o analista, "se o financiamento nos mercados de capitais internacionais se tornar mais difícil, muitos países na região vão continuar a depender de instituições como o FMI ou o Banco Mundial para evitar um incumprimento soberano".

Na análise ao impacto da vitória de Trump, tendo em conta as promessas feitas em campanha e iniciativas que são atribuídas ao Presidente eleito, a Capital Economics escreve que "as declarações agressivas sobre a imposição de tarifas às importações aumentam os receios sobre o impacto no comércio regional, particularmente se o governo colocar a lei sobre o crescimento e oportunidades em África (AGOA) em xeque".

Além das tarifas, outra das preocupações dos governos africanos tem a ver com a política face à exploração de petróleo e gás, particularmente para os países exportadores, a começar pela Nigéria, o maior produtor da região, mas também incluindo os lusófonos Angola e Guiné Equatorial.

"O Presidente Trump é um grande defensor da produção de petróleo e gás norte-americano e é provável que recue nos regulamentos impostos pelo Presidente Joe Biden", recorda.

Caso isso aconteça e leve a um aumento da oferta de petróleo e gás, fazendo baixar os preços destas matérias-primas, "isto seria positivo para os muitos importadores de petróleo no continente, mas para os produtores significa mais pressão nas moedas nacionais e nas contas públicas", salienta o analista.

Onde Angola pode beneficiar de uma nova política por parte da Presidência de Donald Trump é na aposta no corredor do Lobito, já que é visto como uma iniciativa que pode enfraquecer a influência chinesa na região.

"Pode haver benefícios para os países africanos se continuar a estratégia de tentar equilibrar a influência chinesa, já que os seus apoiantes sugeriram que Trump está decidido a alargar projectos relacionados com minerais crítico, como o corredor do Lobito, por exemplo", concluiu David Omojomolo na análise.

O Corredor do Lobito, uma linha férrea que vai do porto do Lobito, em Angola, até à Zâmbia, passando pela República Democrática do Congo (RDCongo), é o primeiro corredor económico estratégico lançado sob a égide da Parceria para as Infra-estruturas e Investimento Global do G7 (PGI), em Maio de 2023.

Prevê-se que a linha férrea a completar no âmbito dos acordos assinados crie benefícios económicos de aproximadamente três mil milhões de dólares para os países, reduza as emissões atmosféricas em cerca de 300 mil toneladas por ano, e crie mais de 1250 postos de trabalho durante a sua construção e as operações, aponta-se no texto apresentado pelos signatários em Nova Iorque, à margem da Cimeira do Futuro.

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