Segundo a produtora sediada em Montemor-o-Novo, no distrito de Évora, o filme, que se estreou em Annecy, em França, o maior festival de cinema de animação do mundo, em 2022, já passou por diversos países e ‘viaja’ agora para o Brasil.
Para Quarta-feira, em homenagem ao Dia da Consciência Negra, que se assinala no Brasil, a longa-metragem vai estar em pré-estreia gratuita, nas 22 salas de cinema de São Paulo, as mesmas em que, no dia seguinte, se “estreia no circuito comercial normal”, já com bilhetes pagos, disse.
De acordo com a Praça Filmes, serão anunciadas “em breve” mais salas de cinema no Brasil que vão exibir o filme, nas cidades “de Salvador da Baía, Brasília, Belo Horizonte e Rio de Janeiro”.
“Nayola” é a primeira longa-metragem de José Miguel Ribeiro e, desde 2022, já granjeou 21 prémios e foi exibida em diversos festivais de cinema pelo mundo.
No circuito comercial, passou por salas de cinema de Portugal, Angola, Bélgica, Países Baixos e França, indicou à Lusa a Praça Filmes.
O filme, uma coprodução internacional que inclui Portugal, França, Países Baixos e Bélgica, tem argumento de Virgílio Almeida, a partir de uma peça de teatro de José Eduardo Agualusa e Mia Couto.
Com um orçamento de aproximadamente 3,2 milhões de euros, “Nayola” cruza animação em 2D e 3D e contrapõe as vidas de três gerações de mulheres, Lelena, Nayola e Yara.
A narrativa decorre entre 1995 e 2011, entre o final da guerra civil de Angola e os primeiros anos de paz no país.
A 9 de Setembro de 2022, a propósito de “uma antestreia especial” do filme em Montemor-o-Novo, José Miguel Ribeiro explicou à Lusa que, durante o processo de criação do filme, esteve “sempre muito atento aos pormenores”.
Com o objectivo de “não subverter” a peça teatral de Mia Couto e Agualusa, “nem fazer um filme mais para um público ocidental do que para um público africano”, justificou.
A película, que ganhou um concurso de longas-metragens do Instituto do Cinema e do Audiovisual (ICA) e recebeu um milhão de euros de apoio, levou nove anos a ser feita e atravessa três gerações de uma família angolana.
Segundo José Miguel Ribeiro, o que o atraiu para fazer este filme foi o facto de a história ser “contada sob uma perspectiva feminina” e mostrar “três gerações de mulheres angolanas que atravessaram a guerra colonial, a guerra civil e os primeiros tempos já de independência e de paz”.