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Energia

Compras de petróleo pela China a África caem 22,6 por cento entre Janeiro e Setembro

As compras pela China de petróleo dos países africanos registaram uma queda homóloga de 22,6 por cento, entre Janeiro a Setembro, segundo dados da consultora S&P Global, destacando a acelerada transição asiática para fornecedores na Rússia e Golfo Pérsico.

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Esta queda reduziu ainda mais a participação de África no mercado de petróleo chinês, de 13,2 por cento, no ano passado, para pouco mais de 10 por cento, nos primeiros três trimestres de 2022, segundo um relatório da consultora especializada no mercado energético, com base em dados das alfândegas chinesas e fontes da indústria.

Angola continua a ser o único país africano na lista dos dez maiores fornecedores de petróleo da China, mas também está a sofrer com o declínio das compras chinesas ao continente. Nos primeiros nove meses deste ano, as exportações de petróleo bruto de Angola para a China caíram 59,4 por cento, em termos homólogos, de acordo com dados oficiais chineses.

Segundo uma pesquisa feita por David Shinn, investigador especializado nas relações China – África, da Universidade George Washington, em 2008, a China obteve quase um terço do seu petróleo de África. No espaço de uma década, o volume das compras chinesas caiu 18 por cento, de acordo com a mesma fonte.

O conflito na Ucrânia acelerou este processo. As importações chinesas oriundas da Rússia, sobretudo petróleo e gás, mais do que duplicaram, aumentando 110,5 por cento, em Outubro, em relação ao ano anterior, para 10,2 mil milhões de dólares, segundo dados oficiais divulgados esta semana pela Administração Geral das Alfândegas do país asiático.

A China pode comprar energia à Rússia sem entrar em conflito com as sanções impostas pelos Estados Unidos, Europa e Japão. Pequim está a intensificar as compras, para aproveitar os descontos russos. Isto causa fricções com Washington e países aliados, ao aumentar o fluxo de caixa de Moscovo e limitar o impacto das sanções.

As refinarias chinesas do sector privado foram as que mais contribuíram para a diminuição das compras a África, devido aos preços mais atraentes não apenas da Rússia, mas também do Irão e da Venezuela, de acordo com a S&P Global.

Esta transição no mercado energético alarga-se à maioria do continente asiático, apesar de ser mais evidente no caso da China, que é o maior importador de crude do mundo.

A S&P Global prevê que a Ásia encerre 2022 com uma queda acentuada nas compras de petróleo africano, face a taxas de frete relativamente mais altas, uma diferença maior nas cotações de petróleo Brent e Dubai e o aumento da concorrência das refinarias europeias, em busca de alternativas em África, face às sanções impostas à Rússia.

A participação de África no mercado de petróleo da Índia caiu, de 12,5 para 8,4 por cento, entre Janeiro e Setembro de 2022, face ao período homólogo, à medida que as refinarias indianas aproveitaram também os descontos da Rússia.

Também Japão e Coreia do Sul reduziram as compras de petróleo africano, mas, neste caso, aumentaram as compras à Arábia Saudita e outros países do Golfo Pérsico.

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