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Telecomunicações

Unitel abre processo para recuperar dívida de mais de 350 milhões a Isabel dos Santos

A empresa de telecomunicações Unitel iniciou um processo judicial em Londres contra a Unitel International Holdings (UIH), detida pela empresária Isabel dos Santos, para recuperar uma dívida de mais de 350 milhões de euros.

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A queixa datada de 26 de Outubro, consultada pela agência Lusa, reivindica o reembolso de sete empréstimos atribuídos entre Maio de 2012 e Agosto de 2013 da Unitel à UIH que, salienta, "apesar do seu nome, não tem ligação empresarial nem afiliação à Unitel".

A Unitel alega que a UIH deve 325.305.539 euros e 43.937.301 dólares, acrescido de juros de mora.

Segundo o documento apresentado na Divisão de Comércio do Tribunal Superior de Londres [High Court], os empréstimos destinaram-se a financiar a compra de acções na operadora de telecomunicações portuguesa Zon, a aquisição da T+ Telecomunicações em Cabo Verde e o investimento na Unitel em São Tomé e Príncipe.

O último dos empréstimos serviu para a UIH completar operações no âmbito da fusão da Zon com a Optimus, da Sonaecom, após a qual a UIH passou a deter 32,65 por cento das acções da ZOPT, holding que, por sua vez, passou a controlar 52,15 por cento da Zon.

Em Agosto, a Sonaecom anunciou ter chegado a acordo com a empresária Isabel do Santos para dissolver a ZOPT, na sequência do arresto da participação da filha do antigo presidente José Eduardo dos Santos pela justiça portuguesa, desencadeado pelo caso "Luanda Leaks".

A Unitel alega que a operação, bem como o desvio do pagamento de dividendos pela NOS, esvaziou a UIH de capital ou fontes de rendimento.
"O acordo para dissolver a ZOPT torna a UIH incapaz de cumprir as suas obrigações" em termos de garantias sobre os empréstimos e "torna impossível ou impede a Unitel de fazer cumprir" essas garantias, lê-se na queixa.

Isabel dos Santos rejeitou anteriormente ter recebido transferências injustificadas da Unitel, garantindo, por sua vez, ser credora da operadora que alegadamente não terá devolvido um empréstimo que obteve junto da Vidatel Ltd.

A Unitel negou a existência desta dívida, reconhecendo que a Vidatel tem dividendos por receber, que não foram transferidos devido ao arresto decretado pelo Tribunal de Luanda às participações de Isabel dos Santos em várias empresas angolanas.

Em Dezembro de 2019, o Tribunal Provincial de Luanda decretou o arresto preventivo dos bens de Isabel dos Santos e Sindika Dokolo, seu marido, incluindo nove empresas nas quais a empresária detém participações sociais, entre as quais a cervejeira Sodiba, a Condis, detentora da rede de hipermercados Candando, a operadora de televisão Zap Media e a cimenteira Cimangola.

A Unitel era, até Janeiro deste ano, controlada por quatro accionistas, cada um dos quais com 25 por cento: a PT Ventures (detida pela brasileira Oi), a petrolífera estatal Sonangol, a Vidatel (de Isabel dos Santos) e a Geni (do general Leopoldino "Dino" Fragoso do Nascimento).
A 26 de Janeiro, a Sonangol comprou a posição da PT Ventures, por mil milhões de dólares tornando-se a maior accionista da operadora.

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