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Nove jornalistas deixam rádio ligada à UNITA e vão reclamar salários na justiça

Nove jornalistas da Rádio Despertar, afecta à UNITA, que reclamam salários em atraso, vão desvincular-se da empresa e recorrer à justiça para reclamar uma indemnização, disse à Lusa um responsável sindical.

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O director da rádio, Emanuel Malaquias, reconheceu haver atrasos, que atribui à perda de receitas resultante da "difícil conjuntura", mas garantiu que tudo tem feito para preservar os postos de trabalho e acusou a comissão sindical de se ter recusado a negociar o pagamento do salário em prestações.

João Walter dos Santos, um dos jornalistas da rádio e membro do Sindicato de Jornalistas, disse que os nove trabalhadores resolveram apresentar a sua desvinculação e vão "lutar na justiça" para serem indemnizados.

O jornalista acusou a direcção da rádio e a UNITA de "abuso de confiança" e prometeu também avançar com uma queixa na Procuradoria-Geral da República, devido a um alegado desvio de fundos.

"Como é possível que um partido com 50 deputados alegue dificuldades em pagar os nossos salários e diz que não tem dinheiro. Houve desvio de fundos e isso prejudica o normal funcionamento da empresa", denunciou.

João Walter dos Santos disse que a UNITA alegou não ter recebido também o financiamento que é suposto receber enquanto partido político, mas salientou que, ao longo dos últimos três meses, sem receber ordenado, os jornalistas foram forçados a trabalhar.

Questionado sobre se a situação já se repetiu noutras ocasiões, João Walter dos Santos, que está na rádio desde que esta foi criada, em 2006, afirmou que "já tem acontecido" e revelou que as mudanças de direcção são constantes.

"O último PCA [presidente do conselho de administração] demitiu-se por que não compactuou com isto. O director comercial também se demitiu", continuou, dando nota do mal-estar na empresa.

Em declarações à Lusa, o director-geral da rádio, Emanuel Malaquias, negou a existência de três salários em atraso.

"São dois salários, o terceiro ainda está dentro do prazo legal para pagar e outro começou hoje a ser pago. Por isso, factualmente, é um salário que está atrasado", sublinhou.

"Vivemos uma conjuntura interna terrível, somos uma empresa privada que tem clientes e os nossos clientes não têm dinheiro para pagar as dívidas", explicou.

Boa parte das receitas eram provenientes de espaços radiofónicos e publicitários comprados por igrejas que, devido às medidas de prevenção e combate à covid-19 foram obrigadas a suspender os cultos "e ficaram sem dinheiro para pagar".

Emanuel Malaquias frisou que a prioridade da direcção da rádio tem sido a preservação dos postos de trabalho.

"A suposta comissão sindical recusou negociar o pagamento gradual dos salários. Nós não queremos despedir trabalhadores, queremos preservar as famílias e isso influi neste atraso", destacou o responsável.

Na sua página da Internet, a Despertar apresenta-se como uma rádio generalista que tem como objectivo principal a radiodifusão, produção, realização e difusão de programas culturais, recreativos e informativos.

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