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Funeral de estudante morto em manifestação realiza-se no Sábado

O funeral de Inocêncio de Matos, o estudante que morreu na sequência de uma manifestação em Luanda no passado dia 11 de Novembro, vai ser realizado no Sábado às 10h00, segundo fonte familiar.

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Alfredo de Matos, pai do jovem de 26 anos, que morreu em circunstâncias ainda por esclarecer, disse à Lusa que as cerimónias fúnebres vão ser feitas no cemitério da Mulemba, conhecido como 14, no município do Cazenga, em Luanda, após ter sido realizada a segunda autópsia requerida pelos familiares de Inocêncio.

O relatório oficial, do Hospital Américo Boavida, indica que o estudante sofreu "ofensa corporal" com "objecto contundente não especificado", tendo morrido após uma intervenção cirúrgica, enquanto testemunhas oculares dizem que foi atingido por uma bala da polícia, versão aceite pela família de Inocêncio de Matos.

O advogado da família, Zola Bambi, adiantou que a segunda autópsia decorreu na Quinta-feira "de acordo com o que tinha sido solicitado", nomeadamente a presença de um fotógrafo e de um medico legista independente.

O re-exame forense provocou divergências com a Procuradoria-Geral da República que abriu um inquérito para apurar as circunstâncias da morte.

A autópsia esteve inicialmente marcada para o dia 20 de Novembro, mas o representante do Ministério Público impediu a presença do fotógrafo que tinha sido indicado por ser "alheio à profissão forense", tendo Zola Bambi recusado avançar com o procedimento.

O impasse foi ultrapassado depois de Alfredo de Matos ter feito uma vigília silenciosa frente à instituição para exigir que fosse feita justiça com o seu filho.

Zola Bambi anunciou que está a prestar apoio judiciário à família e que vai processar o estado e a polícia, cível e criminalmente, pela morte do jovem.

A manifestação de 11 de Novembro, promovida pelos mesmos organizadores que já tinham visto um protesto reprimido pela polícia no mês passado, pretendia reclamar melhores condições de vida e a realização das primeiras eleições autárquicas em 2021, depois de terem sido adiadas este ano devido à covid-19.

Mas a concentração não chegou a acontecer devido às barreiras policiais colocadas nos acessos à cidade, com milhares de polícias a dispersar os grupos de jovens com recurso a gás lacrimogéneo, disparos e canhões de água.
A polícia garantiu não ter usado meios letais, mas manifestantes alegam que houve uso de munições reais.

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