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Coface: apoio dos credores foi fundamental para salvar Angola

A analista da seguradora de crédito Coface que segue a economia de Angola disse à Lusa que a deterioração da situação económica no país foi compensada pelo apoio dos credores, convencidos pela agenda de reformas.

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"A crise económica colocou em pausa o programa de reformas, especialmente as privatizações, degradou a situação financeira, suspendeu o programa de exploração e desenvolvimento de blocos petrolíferos e os juros da dívida dispararam, mas os credores internacionais vieram salvar o país", disse Dominique Fruchter.

Em entrevista à Lusa a propósito das perspectivas económicas para o país, esta analista da Coface, uma das maiores seguradoras de crédito mundiais, elencou que "o programa de apoio do Fundo Monetário Internacional (FMI) foi aumentado em 800 milhões de dólares, Angola é o país que mais beneficia da Iniciativa para a Suspensão do Serviço da Dívida (DSSI) e reestruturou a dívida aos credores públicos chineses, o que permitirá um alívio da dívida no total de 6,2 mil milhões de dólares até 2023".

Para esta analista, "a deterioração da situação financeira de Angola parece ter sido compensada pelo aumento da ajuda dos credores e, além disso, as autoridades estão determinadas em manter o programa de reformas e de consolidação orçamental, com a eliminação do défice orçamental em 2021 e a dívida pública a cair de 110 por cento para 107 por cento, mesmo num contexto de preços baixos do petróleo".

A "sólida posição política" do Governo permite manter o ritmo das reformas, argumenta a analista, para quem "os angolanos apreciam a luta em curso contra a corrupção e as acusações judiciais contra os membros da família do antigo Presidente que são suspeitos de enriquecimento pessoal".

Questionada sobre se o risco de incumprimento financeiro ainda é uma preocupação, Dominique Fruchter respondeu: "Mesmo que o risco de 'default' continue alto, não é significativamente mais elevado do que era antes da crise devido ao apoio internacional, principalmente chinês; um incumprimento sobre a dívida, ainda que possível, não é o nosso cenário central no futuro previsível, no qual antevemos mais reestruturações junto dos credores".

A pandemia de covid-19, explica, atingiu Angola através de dois canais, sendo o primeiro a descida do preço e da produção de petróleo, além da descida das exportações de diamantes, e o segundo as próprias medidas de combate à pandemia.

"O segundo canal de impacto da pandemia em Angola foi o conjunto de medidas de distanciamento e contenção tomadas pelas autoridades, o que afetou a procura interna e, em consequência, a economia deverá passar pelo quinto ano de contracção em 2020, com uma queda no PIB de 4 por cento depois de ter já recuado 0,9 por cento em 2019", diz a analista na entrevista à Lusa.

Para o próximo ano, a Coface antevê um crescimento moderado, no máximo de 2 por cento, e o desemprego deverá subir para 33 por cento, a que se juntam falhas na disponibilidade de alimentos e subida dos preços devido a dificuldades nos sectores dos transportes e da logística, incluindo a rápida depreciação do kwanza, o que, conclui, "constitui um impacto negativo para a população, boa parte da qual já estava a passar por dificuldades".

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