A eleição vai ser feita pelos 1150 delegados de todo o país que estão reunidos no XIII Congresso Ordinário da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), o principal partido da oposição, que começou em Luanda e se prolonga até Sexta-feira.
Antes, os cinco candidatos fizeram-se à estrada, percorrendo as 18 províncias para contactar com as realidades locais e com os delegados da UNITA, a quem terão de convencer ser a escolha ideal para se tornarem no terceiro presidente do partido fundado por Jonas Savimbi e suceder a Samakuva, que sai ao fim de 16 anos.
Visivelmente satisfeito com o trabalho da sua campanha e depois de ter “percorrido todo o país”, o actual líder da bancada parlamentar da UNITA, Adalberto da Costa Júnior, que é apontado como um dos favoritos, garantiu que, se ganhar a eleição, saberá “muito bem” o que tem “de fazer para a UNITA e para Angola”. “Acho que tenho todas as possibilidades de ganhar e sair daqui com um programa fortalecido e para caminhar juntos para o futuro”, disse o candidato.
Adalberto da Costa Júnior declarou que Samakuva, no seu discurso de abertura, deixou “um cartão amarelo” ao Presidente da República, João Lourenço, e salientou que quer “trazer uma oposição mais actuante, mais criativa, mais próxima dos angolanos” para conseguir uma alternância que responda aos desafios do país.
“O país está cheio de problemas, a crise não desaparece, não há soluções, corremos muitos riscos de bancarrota, temos de evitar chegar a essa situação”, declarou.
O deputado acrescentou que a forma como foram acolhidos em todo o país fez com que, mais do que uma campanha da UNITA, se parecesse “uma questão nacional”, o que demonstra que o Governo “não tem respondido às expectativas dos angolanos”.
Também o general Abílio Kamalata Numa se mostrou confiante na vitória, graças à sua trajetória no partido. “O nosso trabalho é conhecido”, vincou, elogiando Samakuva pelo seu discurso “orientador” e que “vai inspirar o próximo dirigente do partido”.
O deputado José Pedro Cachiungo afirmou que a sua candidatura “foi a única que conseguiu percorrer as 18 províncias” e considerou que a sua mensagem foi interiorizada pelos “militantes da UNITA e dos 1150 delegados que vão votar”.
José Pedro Cachiungo adiantou que é a sua “própria consciência de angolano” que o impele a tomar um papel para a UNITA, “pegando no partido para o colocar ao serviço da cidadania”, porque “é preciso que os partidos se transformem em instrumentos para realizar o angolano”. “Quero olhar para o legado do passado, unir todas as valências e fazer da UNITA um instrumento que tira o angolano desta condição de povo jogado e manipulado pela política dos partidos, em que alguém nos corrompe com arroz e água para fazermos barulho, e colocarmos o angolano numa situação de cidadão que questiona e exige dos governantes uma vida com dignidade”, destacou o parlamentar.
Também o porta-voz da UNITA, Alcides Sakala, se congratulou com os bons resultados da sua campanha: “O mais importante é que corremos o país, falámos com os delegados, trocámos pontos de vista, transmitimos as linhas de força”, disse. “Pensamos que a nossa mensagem foi bem entendida. Agora caberá aos delegados tomarem a palavra, mas quem corre, corre com o objetivo de vencer”, reforçou o dirigente, garantindo que, mesmo que não seja escolhido como presidente, vai continuar a dar a sua contribuição para o partido.
“Nem todos poderão ser presidentes. Se for esse o meu caso vamos ter de dar a nossa contribuição para aprofundar a democracia interna”, defendeu.
Questionado sobre se o Movimento Popular de Libertação de Angola está no fim do seu ciclo, como disse Isaías Samakuva, Alcides Sakala concordou que o MPLA está numa fase de “declínio”, depois de mais de 40 anos no poder, sendo este o momento do ressurgimento de outras forças políticas. “É inevitável, isto vai acontecer”, afirmou, convicto.
O vice-presidente da UNITA, Raul Danda, iniciou igualmente o congresso com esperança de sair vencedor: “Eu não vou para uma corrida para tentar saltar, eu vou para dizer ‘eu vou saltar’”.
Danda considerou que o presidente cessante fez um discurso bastante equilibrado, mostrando os caminhos que a UNITA tem de seguir para poder chegar à concretização dos seus objectivos: “Assumir o poder como forma de trazer bem-estar aos angolanos e evitar os excluídos”, referiu.