"Os deputados não perdem o mandato por despacho presidencial porque a lei não o permite, até porque a Assembleia Nacional é um outro poder que se rege por regras próprias. A medida que a Assembleia Nacional tomou é da sua exclusiva responsabilidade e, eventualmente, pelas suas razões", afirmou João Lourenço.
O chefe de Estado falava após uma cerimónia que assinalou os 44 anos da independência de Angola, homenageando o primeiro Presidente do país, Agostinho Neto.
A Assembleia Nacional (AN) revogou, a 29 de Outubro, o mandato de deputada, pela bancada do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), a 'Tchizé' dos Santos, devido ao prolongado tempo de ausência nas reuniões plenárias e de trabalho, uma decisão que contou com votos a favor do MPLA, partido maioritário, e da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), maior grupo parlamentar da oposição.
A filha de José Eduardo dos Santos queixou-se, na altura, de estar a ser vítima de “um golpe” de João Lourenço, acusando-o de ser um “ditador” e o seu “carrasco político” e usou hoje, novamente, as redes sociais para atacar o chefe do executivo angolano e denunciar a alegada “perseguição".
João Lourenço respondeu ainda à polémica causada pelo dispendioso casamento da filha do presidente da Assembleia Nacional, Fernando Dias dos Santos "Nandó", negando ter sido padrinho e ter ajudado a pagar a faustosa cerimónia, que terá custado cerca de 2 milhões de dólares segundo o jornal Club K.
"Estamos perante uma situação de má fé e uma situação deliberada de denegrir alguém de forma injusta. Não estou a ver como um convidado é sacrificado por estar numa festa, quem casa os filhos é que suporta os custos do casamento, o convidado é simplesmente convidado", afirmou.
O Presidente abordou ainda a situação económica do país, realçando que o executivo "está empenhado em inverter o actual quadro", levando a cabo um "trabalho árduo", no sentido de melhorar as atuais condições e continua a apostar no combate à especulação dos preços.
Sobre a visita ao Vaticano, para onde seguiu logo após a deposição de uma coroa de flores no Largo da Independência, onde se encontra a estátua de Agostinho Neto, João Lourenço defendeu que se enquadra no reforço da cooperação entre os dois Estados e não põe em causa a laicidade do Estado angolano, definida na Constituição.