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Economista diz que iniciativa do BNA foi o “gatilho provável” para depreciação do kwanza

A consultora Economist Intelligence Unit considerou que a decisão do Banco Nacional de Angola (BNA) de retirar o limite de 2 por cento à variação do kwanza foi o “gatilho provável” da forte depreciação da moeda em Outubro.

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“A retirada do limite de 2 por cento, que terá acontecido no princípio de Setembro, foi o gatilho provável para a repentina depreciação do kwanza, e não um aumento da procura de importações nas vésperas do natal nem uma falta de dólares devido ao combate às atividades criminosas”, escrevem os peritos da unidade de análise económica da revista britânica The Economist.

Numa nota sobre a recente depreciação do kwanza em mais de 30 por cento desde o início do ano, enviada aos investidores e a que a Lusa teve acesso, os analistas assumem estar surpreendidos com a manutenção da taxa de juro de referência na última reunião do comité de política monetária (CPM) do BNA, já que contribui, argumentam, para aumentar a pressão sobre os preços.

“Contrariamente às expectativas do mercado, o CPM manteve a taxa de referência nos 15,5 por cento e manteve a taxa de empréstimos noturnos nos 0 por cento”, escrevem os analistas, notando que esta decisão “foi uma surpresa e é possível que vejamos uma subida nos preços dos consumidores, que já estão sob pressão no seguimento do lançamento em Outubro do IVA, com uma taxa de 14 por cento”.

Desde o princípio do ano, a moeda nacional já leva uma desvalorização de cerca de 30 por cento, que se acentuou na última quinzena, antes de o governador do BNA ter convocado uma conferência de imprensa para confirmar a retirada do limite de 2 por cento e anunciar medidas para suavizar o aumento dos preços.

“Passaremos a ter um mercado que vai funcionar conforme as forças do próprio mercado, procura e oferta. O que temos hoje é um cenário em que há uma procura superior à oferta e como não temos um elemento que regule essa relação, acabamos por ter a acontecer operações que acontecem fora do sistema financeiro (…) muitas vezes injustas e que põem em causa a segurança dos participantes”, justificou o responsável do BNA à margem da conferência de imprensa, na semana passada.

Uma situação que, sublinhou, cria “espaço para que operações legítimas sejam realizadas em canais informais” e para a formação de um mercado cambial alternativo absolutamente especulativo, gerando distorções no funcionamento da economia.

Na conferência de imprensa, José Lima Massano, adiantou que as medidas surgem na sequência da reforma faseada do mercado cambial, iniciada em Janeiro de 2018, com vista à formação de uma taxa de câmbio de referência com base no equilíbrio entre a procura e a oferta de moeda estrangeira.

“Uma vez atingidos os objectivos das medidas mencionadas, o Banco Nacional de Angola decidiu pela implementação de um regime de câmbio flutuante em que a taxa de câmbio é livremente definida pelo mercado, isto é, de acordo com a procura e oferta de moeda estrangeira”, sublinhou o BNA num comunicado divulgado no seu ‘site’ na Internet.

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