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Defesa

Detido agente da Polícia Nacional que matou cidadão a tiro em Luanda

Um agente policial angolano matou a tiro um cidadão e feriu outro durante uma discussão junto a uma estação de serviço em Luanda, no Domingo, tendo sido entretanto detido, segundo a Polícia Nacional, que confirmou o incidente.

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A informação foi transmitida à agência Lusa pelo porta-voz do Comando Provincial de Luanda da polícia, inspector-chefe Mateus Rodrigues, que "condenou" a actuação do agente afecto ao Comando de Polícia de Protecção de Objectivos Estratégicos (COPPOE) de Angola, referindo que o mesmo pode ser expulso da corporação.

"O agente está já detido. Os passos seguintes serão prosseguir o processo até que culmine com a responsabilização do agente. É uma prática que a instituição não tolera e daí que as medidas sejam a de detenção preventiva do individuo, que incorre nos crimes de "homicídio voluntário e frustrado".

Para Mateus Rodrigues, a acção disciplinar sobre o agente poderá mesmo levar à "expulsão" da polícia, manifestando-se "surpreendido" com a postura do agente.

"Tão rápido quanto possível irá culminar com um processo-crime e outro disciplinar. O crime vai responsabilizá-lo do ponto de vista militar. O disciplinar poderá resultar na sua expulsão da Polícia Nacional" conclui.

O incidente aconteceu na manhã de domingo, junto à entrada principal da base de abastecimento de combustível da Base Logística de Serviços Integrados da Sonangol (Sonils), no Bairro da Boavista, em Luanda, em que ficou ferida também uma mulher, que se encontra hospitalizada, segundo disse à Lusa um familiar da vítima.

De acordo com os moradores, os disparos surgiram quando procuravam perceber, conforme relataram, junto do posto da polícia ali instalado, as razões por que um dos seus vizinhos "estava a ser espancado pelos agentes" da guarnição daquela base de combustível.

Didier Movanga, um dos vizinhos, disse à Lusa ter ouvido "mais de dez disparos" do agente da polícia afecto ao COPPOE, quando os moradores procuravam "perceber os motivos do espancamento" de um amigo no posto policial da base.

"O que aconteceu foi mais uma vez um mau trabalho da polícia. É de lamentar, é triste e temos nesse momento uma irmã nossa que está a ser operada numa unidade hospitalar", contou o morador da Boavista e parente de uma das vítimas.

Os disparos, adiantou Didier Mavonga, surgiram quando os moradores se manifestaram "solidários" com o vizinho que "estava a ser espancado pelos efectivos" da polícia.

"Chegamos no local e tentamos perceber por que razão estava a ser espancado. Foi quando da base saiu um elemento da polícia que começou a fazer disparos", disse.

Gabriel Kitote, um dos moradores igualmente da Boavista, disse ter presenciado o incidente e lamentou os disparos que vitimaram o jovem e feriram uma outra moradora daquela circunscrição da capital angolana.

"Ele [o agente da polícia] conhece as pessoas que foram ter com ele. A pessoa que estava a ser maltratada é uma pessoa de bem, trabalhador. As pessoas não ficaram contentes e tentaram persuadir o agente, mas nada adiantou", lamentou.

Por sua vez, Agostinho Dambi, que, supostamente, estava a ser espancado naquele posto policial, com "escoriações e hematomas" nas costas, ombros e braços, contou à Lusa que os agentes agiram de "má-fé", porque não havia cometido "qualquer crime".

"Não cometi nenhum crime para ser espancado, quando as pessoas tentaram saber o que se passava de repente ele saiu a disparar, foram mais de dez tiros, porque o pessoal ia ter com ele e nem sequer deu ouvidos", explicou.

"O falecido também estava no grupo de pessoas que foi apenas à porta da base de abastecimento pedir satisfações. E vieram os disparos que o atingiram", acrescentou.

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