Numa ronda pelas ruas da capital angolana, a Lusa encontrou o maliano John, que se dedica à compra e venda de dólares e euros no Bairro dos Mártires de Kifangondo: "Não há kwanzas, o preço sobe. E o kwanza vai ser desvalorizado também", explica.
Tal como os restantes malianos que ocupam as ruas daquele bairro a fazer aquele negócio, está a vender cada dólar a 410 kwanzas, mais do dobro da taxa de câmbio oficial definida pelo Banco Nacional de Angola (BNA), que está fixa desde Março de 2016 nos 166 kwanzas.
Trata-se de um negócio ilegal, mas para muitos também a única forma de aceder a divisas, devido às limitações nas vendas nos bancos, provocadas pela crise económica, financeira e cambial que Angola atravessa.
"O negócio vai correndo, mas há poucos clientes", atira John.
Noutro ponto da cidade, na Mutamba, a Lusa encontrou a kinguila Ermelinda. "Estou a levar 420 kwanzas por cada dólar. Subiu muito na última semana, mas não sei porquê. Faço o preço que as outras fazem", conta, sem se alongar em explicações.
O custo de cada dólar norte-americano no mercado paralelo chegou a rondar, após as eleições gerais angolanas de 23 de agosto, os 370 kwanzas, valor que contrasta com o que a kinguila Josefa cobra nas ruas do bairro do Catambor, também no centro de Luanda.
"São 420 kwanzas. Acho que não há kwanzas e por isso o dólar e o euro sobem", explica Josefa, acrescentando que as notícias sobre uma desvalorização da moeda angolana também ajudam a este cenário.
No São Paulo, outro bairro de referência da capital, Ernesto está na rua a trocar dólares, neste caso a 410 kwanzas. "Mas parece-me que isto vai subir mais ainda, é só esperar", diz.
Além do mercado de rua, em alguns anúncios nas redes sociais, a transacção já surge a 430 kwanzas por cada dólar norte-americano a comprar.