O custo de cada dólar no mercado paralelo atingiu máximos do ano em Janeiro, nos 500 kwanzas, para rondar, após as eleições, os 370 kwanzas, mantendo-se a taxa de câmbio oficial definida pelo Banco Nacional de Angola (BNA) há mais de um ano e meio fixa nos 166 kwanzas.
"Não temos dólares, não temos euros e não temos kwanzas. O mais certo é subir ainda mais nos próximos dias, porque há pouco", disse esta Quinta-feira à Lusa um dos vendedores do bairro dos Mártires de Kifangondo, zona do centro de Luanda apelidada de "Wall Street dos Mártires", dada a quantidade de dólares transaccionados, normalmente à vista de todos, diariamente.
Por ali, tal como noutros bairros da capital, casos da Mutamba, Maculusso e São Paulo, praticamente todos transaccionam esta Quinta-feira cada nota de dólar entre 410 e 420 kwanzas, conforme constatou a Lusa, uma subida de 2,5 por cento face à média da última semana.
Um aumento justificado com a possibilidade de uma forte desvalorização do kwanza a curto prazo, a aproximação do período de festas e, sobretudo, o aumento da fiscalização policial às kinguilas, como são conhecidas as mulheres que se dedicam à compra e venda de divisas.
Só a falta de moeda nacional para completar as transacções está a travar uma subida mais acentuada, explicam.
Este negócio, apesar de ilegal e condenado pelo BNA, representa para muitos, angolanos e trabalhadores expatriados, a única forma de aceder a divisas, face às limitações nos bancos, funcionando a cotação de rua como referência para vários negócios.