A cotação do mercado paralelo, na venda da nota de dólar, mantinha-se hoje nos 490 kwanzas pela quarta semana consecutiva, o que, embora inferior a valores anteriores, ainda se situa muito acima do câmbio oficial.
As kinguilas de Luanda, como são conhecidas as mulheres que se dedicam à compra e venda de divisas na rua, insistem que não há kwanzas no mercado, o que trava a subida do dólar, que também não há em quantidade suficiente para a procura no mercado paralelo e oficial.
Contudo, ninguém arrisca uma previsão para as próximas semanas, tendo em conta o período de Natal e as habituais viagens para o estrangeiro e correspondente aumento de procura de divisas.
O preço praticado no mercado de rua de Luanda permaneceu próximo dos 600 kwanzas por cada dólar em Agosto e Julho, depois de máximos acima dos 630 kwanzas em Junho, embora com pontuais flutuações semanais.
Na ronda semanal realizada pela Lusa, a venda de cada dólar estava fixa nos 490 kwanzas nos bairros de São Paulo, Mártires de Kifangondo, Maculusso e na Mutamba, ainda cerca de três vezes acima da taxa oficial de câmbio.
O chefe da missão do Fundo Monetário Internacional (FMI) para Angola, Ricardo Velloso, defendeu na quarta-feira, em Luanda, após duas semanas de reuniões, anuais, com as autoridades angolanas, a necessidade de uma "flexibilidade na política cambial" nacional.
Para o economista brasileiro, em função da conjuntura actual - crise provocada pela quebra nas receitas do petróleo e escassez de divisas -, são necessárias novas desvalorizações do kwanza. "Não recomendámos um número específico e depende um pouco das políticas que dão apoio a essa política cambial mais flexível", apontou o chefe da missão do Fundo para Angola.
Desde Setembro de 2014, a moeda nacional desvalorizou-se em mais de 40 por cento face ao dólar norte-americano, para 166 kwanzas por dólar, à taxa oficial, muito longe dos valores do mercado paralelo.