Criado durante a residência em Joanesburgo, o trabalho de Pedro Pires refere-se a uma identidade possível e proposta que as esculturas e os desenhos têm, representando uma visão dos contextos sociais em Joanesburgo.
De acordo com comunicado remetido ao VerAngola, Pedro Pires explica que lhe interessa a banalidade destes objectos, reorganizando-os de maneira ridícula e absurda, criando personagens que confrontam o espectador no espaço da galeria.
"Adoro os contextos de onde todos esses objectos vêm. Foram seleccionados cuidadosamente de cada ambiente. Alguns contextos são mais óbvios do que outros e podem ser encontrados em toda a parte, usados por pessoas diferentes na sociedade diária. Estou curioso sobre o diálogo entre esses objectos e o espectador", afirma o artista.
Pedro Pires acrescenta que esta é a sua maneira de falar sobre identidade, estereótipos e vida quotidiana. "Sinto que há algo realmente poderoso nestes objectos. A relação que temos com eles pode criar espaço para o absurdo e inóspito. Estes objectos são conhecidos por todos nós e de certa maneira aproximam-nos", significando "o desejo de se reunir com um centro perdido de personalidade", numa forma gráfica que retracta a "tensão entre as leis da sociedade humana e a resistência da mente inconsciente a essas leis".
"Os desenhos, por outro lado, têm uma abordagem mais estética representando acções e situações relacionadas com o corpo humano. Tento criá-los com uma abordagem poética e elegante, usando uma acção que é bastante violenta para o papel. Usar uma rebarbadora sobre ferro, por exemplo, resulta em faíscas incandescentes, criando assim um doppelgänger da escultura, agora reflectida no papel" explica o artista.
“Doppelgänger” é inaugurada no dia 1 de Dezembro, na galeria Momo em Joanesburgo, às 18h00, e estará patente até Janeiro de 2017.