Os pais desta aluna do 10.º ano de uma escola no Cacém viveram em Angola e, um dia, a filha mais nova espera conhecer aquele país, durante “umas férias de dois meses”.
A estória desta família e da sua ligação a África é uma das que surge na página da Internet www.estoriasportugalafrica.pt, que pretende ser um arquivo digital multimédia sobre a ligação entre Portugal e os países e culturas africanos, descreveu à Lusa Francisco Soares, gestor do projecto “Estórias: Portugal-África”.
A plataforma pretende reunir relatos individuais, familiares ou comunitários, sobre o passado ou o presente, através de textos, depoimentos escritos ou em vídeo, filmes, fotografias ou músicas.
A partir de dia 26, as estórias já recolhidas serão publicadas na página da Internet, mas os portugueses já podem partilhar ali as recordações, experiências ou mesmo o imaginário sobre África.
Segundo Francisco Soares, os contributos podem ser feitos sob anonimato, porque “há muitas pessoas que têm estórias sensíveis e, assim, podem sentir-se mais à vontade”. “O objectivo é criar uma obra digital colectiva, que pretende construir um arquivo multimédia, que seja aberto e esteja em permanente actualização e expansão”, explicou.
A plataforma é da responsabilidade do Centro de Estudos de Comunicação e Linguagens (FCSH-Universidade Nova de Lisboa) e conta com o apoio da Direcção Geral das Artes.
No próximo dia 26, além de serem reveladas as estórias já recolhidas, realiza-se uma conferência, na Faculdade de Ciência e Tecnologia (UNL), que pretende “pensar o papel das imagens e das narrativas, das técnicas culturais e das mediações, das artes e dos artistas na investigação e consolidação de uma experiência intercultural e pós-colonial”.
No mesmo dia e local, é inaugurada a exposição “O Outro quando (não) estamos a olhar”, em que os artistas António Olaio, Délio Jasse, Mónica Miranda, Raquel Melgue e Vasco Araújo propõem “uma visão artística sobre certas imagens, narrativas, documentos, que um passado ligado aos países e cultura africanos deixou no Portugal pós-colonial”.