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Ricardo Viegas d’Abreu: sector dos transportes é alavanca para diversificação da economia nacional

O sector dos transportes é uma alavanca para a diversificação da economia nacional, defendeu esta Sexta-feira o ministro da tutela, Ricardo Viegas d’Abreu, estimando que seja necessário investir anualmente 1,4 por cento do PIB para colmatar o défice existente.

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O governante, que falava em Luanda na abertura de uma conferência sobre os impactos do Corredor do Lobito em Angola e África Subsaariana, considerou que esta é uma "grande oportunidade" para a África austral e outras partes do globo, numa altura em que os países produtores de petróleo ainda se confrontam com os desafios da diversificação económica.

Ricardo Viegas d'Abreu recorreu ao exemplo dos países asiáticos que investiram fortemente nas infra-estruturas de transportes e logística, como Singapura, Malásia, Emirados Árabes Unidos, para reforçar a ideia de que o sector das infra-estruturas de transportes e logística em Angola serão também "uma alavanca" para outros sectores da economia.

Com uma estimativa de investimento na ordem de 1,4 por cento do PIB anual para cobrir o défice de transporte e infra-estruturas logísticas (cerca de 1,5 a 1,7 mil milhões de dólares), o ministro realçou que o financiamento não terá de ser totalmente público.

Defendeu que é necessário encontrar caminhos para mobilizar o sector privado, o que o governo tem feito através de concessões público-privadas que "permitem a atracção de operadores credenciados com capacidade operacional e de investimento".

As quatro concessões já concretizadas renderam a Angola mais de 300 milhões de dólares de prémios de concessão e mais de 1.300 milhões de dólares de investimentos ligados às obrigações das concessionárias, adiantou.

Ricardo Viegas d'Abreu salientou a importância do Corredor do Lobito, infra-estrutura ferroviária que atravessa Angola ligando o Porto do Lobito à República Democrática do Congo, lembrando que dois terços das reservas minerais mundiais estão nesta reunião e realçando a sua importância para a transição energética e tecnologias de informação.

O responsável disse que a trajectória até à assinatura da concessão não foi fácil e teve de enfrentar as dúvidas dos cépticos e contrariar os "grandes interesses" contra os impactos nas actividades económicas.

Abordou ainda a questão dos investimentos e financiamentos internacionais destacando a ligação dos países africanos à China, criticando os modelos que criam desafios aos quadros fiscais e sustentabilidade da dívida destes países, que tem também perspectivas de risco negativas.

"Temos de fazer esse derisking [redução de riscos]", afirmou, acrescentando que na extensão do corredor para a Zâmbia será feita com "outra lógica de financiamento", envolvendo União Europeia e países como Itália, bem como instituições financeiras internacionais.

"Já não estamos a falar de um projecto de infra-estruturas mas de oportunidades de desenvolvimento dos nossos países", disse o governante, sublinhando que o corredor do Lobito não serve apenas para extracção de minerais mas tem valor acrescentado que possa ser desenvolvido, criando empregos e desenvolvimento económico.

Segundo Ricardo Abreu há já agências internacionais posicionadas para a promoção de linhas de crédito ao longo do corredor, direccionadas por exemplo para os sectores da energia, agricultura e serviços.

O Corredor do Lobito é o primeiro corredor económico estratégico desenvolvido sob a égide da Parceria para as Infra-estruturas e Investimento Global do G7 (PGI).

À margem da Cimeira do G20 de Setembro de 2023 em Nova Deli, a União Europeia, os Estados Unidos, os governos dos três países envolvidos e ainda o Banco Africano de Desenvolvimento e a Africa Finance Corporation, na qualidade de promotor do projecto, assinaram um memorando no sentido de unir esforços para apoiar o desenvolvimento do Corredor.

A conferência sobre os impactos do Corredor do Lobito em Angola e África Subsaariana que decorreu esta Sexta-feira em Luanda foi organizada pela Abreu Advogados, FBL Advogados e Lex Africa.

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