"Embora seja uma doença crónica, que demanda cuidados durante toda a vida, e ainda sem cura, hoje em dia já é possível viver plenamente com diabetes mellitus. Para isso, no entanto, é imprescindível que os pacientes implementem mudanças no estilo de vida e tenham disciplina para seguir o tratamento prescrito pelo médico", afirmou Filipa Nascimento, enfermeira coordenadora do LMC, durante a iniciativa, que se realizou no passado Sábado, em Luanda.
A diabetes mellitus é uma doença caracterizada pelo aumento dos níveis de açúcar (glicose) no sangue, estimando-se que, em Angola, existam actualmente 1,8 milhões de pessoas com diabetes mellitus, o que corresponde a 5,6 por cento da população. Só em 2020 foram notificados 16.974 novos casos (54,5 por cento), sendo a mais frequente a diabetes mellitus do Tipo 2.
"A adesão ao tratamento é hoje um dos grandes desafios do controlo adequado da diabetes mellitus. Para este controlo, é necessário o cumprimento de hábitos de alimentação saudáveis, a realização de actividade física regular, o cumprimento da terapêutica prescrita pelo médico, sendo ainda importante o comprometimento dos pacientes, o acompanhamento profissional e o apoio da família. O acesso a informação de qualidade e o entendimento sobre a diabetes mellitus, os seus riscos e consequências, são também fundamentais", defendeu Filipa Nascimento.
Caracterizada como uma 'doença silenciosa', dado que os doentes podem passar anos sem apresentar ou notar quaisquer sintomas, a diabetes é muitas vezes detectada já em fase avançada. Para Daniela Campos, directora de Enfermagem do LMC, a detecção precoce da diabetes é "fundamental para prevenir complicações graves", permitindo aos profissionais de saúde "desenvolverem planos de tratamento personalizados que atendam às necessidades específicas de cada doente, levando a uma melhor gestão da diabetes a longo prazo".
"A orientação sobre a gestão da doença, monitorização da glicemia e escolhas alimentares saudáveis resultam num controlo glicémico adequado, reduzindo o risco de complicações, como doenças cardiovasculares, neuropatia, retinopatia e nefropatia. A detecção precoce é, portanto, crucial para melhorar a qualidade de vida dos pacientes e minimizar os riscos de complicações associadas à diabetes", realçou Daniela Campos.
Entre os principais sintomas da diabetes contam-se a sede excessiva, urinar com muita frequência, perda de energia e fraqueza extrema, fome constante, perda de peso inexplicável, visão desfocada e, em casos graves, sonolência e coma.
Sobre o papel do enfermeiro na prestação de cuidados ao doente com diabetes no contexto de internamento hospitalar, Daniela Campos destaca a avaliação inicial e monitorização do doente, a educação para a saúde, a administração de medicamentos, a elaboração de plano de cuidados, o apoio psicológico, a prevenção de complicações, a orientação nutricional, a promoção da adesão ao tratamento, a coordenação de cuidados, entre outros.
"O enfermeiro desempenha um papel vital na gestão da diabetes, contribuindo para o bem-estar do doente e da sua família e para a eficácia do tratamento no ambiente hospitalar", salientou a directora de Enfermagem do LMC, destacando ainda o "papel crucial dos nutricionistas, cujo trabalho ajuda a controlar os níveis de glicose no sangue e a prevenir complicações através do ensino sobre hábitos de alimentares saudáveis".