José Barroso, que falava durante a sessão de consulta pública ao Plano Director do Gás Natural, referiu que o Governo da Zâmbia apresentou uma proposta, que está a ser estudada, para a construção de um gasoduto Angola/Zâmbia (Lobito/Lusaca), "trazendo consigo algumas entidades privadas".
"Com a construção da Refinaria do Lobito pode ser que tenhamos excedentes [de petróleo] para exportação, mas eles também pediram-nos a possibilidade de se criar uma linha de gás ao longo deste traçado para alimentar tanto a República da Zâmbia, mas também possivelmente a República Democrática do Congo", referiu.
O governante salientou que a nível da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) existe um plano para a distribuição e consumo de gás "e Angola assumiu aí o compromisso de ser, caso tenha as reservas necessárias, um dos principais fornecedores".
"Quando falamos em mercado regional, ele está compassado já toda a estratégia do PDG [Plano Director do Gás], porque é assim que o resto da região nos vê, como um possível fornecedor de gás", sublinhou.
José Barroso realçou que foi criada uma instituição no continente para massificação do desenvolvimento de uma rede de "pipelines" (gasodutos) que possa ser utilizada para distribuir gás na região.
"Temos realmente muitos pedidos da RDCongo, da Namíbia e da África do Sul, e daí termos colocado a possibilidade no plano de alimentar esses mercados", acrescentou.
Durante a sua intervenção, José Barroso disse que o Plano Director de Gás tem como principal preocupação "alimentar a fábrica da Angola LNG", passando ainda por utilizar as infra-estruturas já existentes.
"Temos uma rede de gasoduto na parte norte, no Soyo, e será mais fácil antes de passarmos para o sul, para o leste, nós consolidarmos este polo do Soyo", disse José Barroso, quando respondia às questões levantadas durante o evento.
José Barroso frisou que, para a construção de uma segunda infra-estrutura, é necessário investimento e em caso de descoberta de gás a Angola LNG seria a prioridade.
"Todo o gás que Angola produz é associado ao petróleo, e a nossa preocupação de encontrar mais gás para a Angola LNG é porque, com o declínio da produção de petróleo, também diminui a existência de gás", salientou.
A Angola LNG funciona actualmente a cerca de 65 por cento da sua capacidade, prosseguiu José Barroso, mencionando ainda que, quer o Estado, quer o consórcio, têm como objectivo procurar mais gás para essa fábrica.
"Toda a planificação que está sendo feita com o novo consórcio de gás, onde estão quase todos os sócios da Angola LNG, é realmente priorizar o gás", disse.
A Angola LNG, no Soyo, é a primeira fábrica angolana de Gás Natural Liquefeito (LNG, na sigla inglesa), comercializando o gás associado resultante da exploração de petróleo das companhias petrolíferas que operam naquela região do norte de Angola.
Questionado se haveria incentivos ficais para esta área, o governante defendeu a criação de um quadro regulatório competitivo que permita a atracção de investimento.
"Infelizmente, nós temos no nosso sector o mau hábito de estarmos a falar em incentivos fiscais, não acredito que se deva falar em incentivos fiscais, devemos falar em quadro fiscal", disse.
"Nós hoje competimos no petróleo, no gás, com outros mercados, e o nosso objectivo é realmente criar um quadro que permita que se materializem as premissas aqui levantadas para o Plano Director do Gás", vincou.