"A inclusão de Angola na lista cinzenta do Grupo de Acção Financeira (Gafi) é preocupante, mas o sistema financeiro já operava sob esses constrangimentos devido à perda de correspondência bancária", disse o representante residente do Fundo Monetário Internacional (FMI) em Angola.
Em declarações à Lusa à margem dos Encontros Anuais do FMI e do Banco Mundial, que terminam no Sábado em Washington, Victor Duarte Lledo explicou que a colocação de Angola na lista de monitorização reforçada do Gafi, conhecida como lista cinzenta, tem vários impactos, que crescem à medida que o país fica mais tempo nesta situação.
"Os vários estudos empíricos que fizemos em vários países que passaram por isso mostram que o efeito de curto prazo é poder tornar as transacções transfronteiriças um pouco mais demoradas devido à 'due dilligence', podendo haver uma redução do fluxo de capitais", disse Victor Lledo, acrescentando que "o impacto principal vem a longo prazo, e tende a ficar mais forte quanto mais tempo o país ficar na lista cinzenta".
Na reacção à decisão do Gafi, Victor Duarte Lledo salientou que "os bancos têm feito um progresso muito grande para reconquistar a correspondência bancária" e acrescentou que com "o empenho ao mais alto nível, coordenação e capacitação, o Fundo apoiou e continua disponível para ajudar Angola a sair da lista cinzenta o mais rápido possível".
O Gafi, uma organização que luta contra o branqueamento de capitais, anunciou na Sexta-feira ter incluído Angola na "lista cinzenta", como é conhecida a relação de países que ficam com monitorização reforçada pela entidade.
O anúncio foi feito pela presidente do Gafi, Elisa de Anda Madrazo, no final de uma reunião plenária em que sublinhou que "o processo de inclusão na lista [cinzenta] não é uma medida punitiva".
Reagindo à decisão, o Ministério das Finanças afirmou que "após a discussão do Relatório de Progresso pós-período de Observação, o órgão de especialidade do Gafi para África concluiu que, das 87 acções recomendadas, Angola conseguiu resolver um total de 70 deficiências, permanecendo 17 por resolver".
No comunicado, o governo reiterou o "compromisso de alto nível" para reforçar a eficácia da prevenção e combate ao branqueamento de capitais, financiamento de terrorismo e proliferação de armas de destruição maciça e garantiu que "envidará os esforços necessários para o cumprimento atempado e efectivo do plano de acção recomendado".