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Capital Economics prevê juros em Angola nos 30 por cento em 2024

A consultora Capital Economics considera que as taxas de juro na África subsaariana vão manter-se elevadas durante mais tempo, ao contrário da tendência dos mercados emergentes, prevendo taxas de até 30 por cento em Angola e Nigéria.

: Ampe Rogério/Lusa
Ampe Rogério/Lusa  

"Os bancos centrais da África subsaariana não deverão seguir os cortes nas taxas de juro decretadas pelos seus pares nos mercados emergentes nos próximos tempos; com a inflação a cair mais lentamente, juntamente com pressões na balança de pagamentos e na dívida, as taxas de juro deverão manter-se mais elevadas por mais tempo", escrevem os analistas numa nota sobre a política monetária dos principais mercados africanos.

Na análise, enviada aos investidores e a que a Lusa teve acesso, a Capital Economics escreve que "Angola e Nigéria vão ter de apertar ainda mais as condições monetárias" e acrescentam que é possível que a taxa de juro de referência chegue aos 30 por cento nos próximos meses.

A inflação 'virou a página' em boa parte da região, atingindo os 17,1 por cento em Dezembro do ano passado, o nível mais elevado desde a década de 1990, tendo baixado para 16,1 por cento em Agosto, mas desde então o abrandamento na subida tem sido moderado, o que levou os bancos centrais a descerem as taxas de juro de forma mais tímida que os seus parceiros dos mercados emergentes.

"De todos os bancos centrais africanos, só o Uganda cortou a taxa de juro nos últimos meses, quando cortou 0,5 pontos em Julho", lembram os analistas, apontando a África do Sul, o Quénia e o Gana como os prováveis primeiros a baixarem o custo do dinheiro.

"Angola e Nigéria são diferentes, já que a inflação deverá acelerar em 2024, o que significa que o foco da política monetária nestes dois países vai ser um aperto das condições", diz a Capital Economics, explicando que "isto é o resultado de alterações políticas que começaram este ano, nomeadamente o corte nos subsídios aos combustíveis e a desvalorização das moedas, que estão a empurrar a inflação, que deverá aumentar para 25 a 30 por cento nos próximos meses".

Até agora, segundo a Capital Economics, "as decisões de política monetária nestes dois países têm sido tímidas, mas isto deverá ter de mudar, com uma subida de cerca de 3 pontos percentuais até final do ano".

O risco, concluem, "é que os dois bancos centrais continuem a desapontar, tornando o aumento da inflação ainda mais severo".

De acordo com os dados mais recentes, Angola registou uma inflação de 15,01 por cento em Setembro, menos 3,15 pontos percentuais do que a observada no período homólogo de 2022, revela o Índice de Preços no Consumidor Nacional (IPCN), divulgado em meados de Outubro.

Na Nigéria, os últimos dados apontam para uma subida da inflação para 26,72 por cento em Setembro face ao período homólogo do ano passado, o nível mais elevado das últimas duas décadas, com a subida dos preços alimentares a ser de 30,64 por cento.

A subida dos preços é uma preocupação nesta região africana, com o Fundo Monetário Internacional (FMI) a considerar, no último relatório sobre a região, que "em muitos casos a inflação é ainda demasiado alta, os custos de financiamento público são ainda elevados, as pressões cambiais persistem, os preços da energia permanecem voláteis e a instabilidade política continua a ser motivo de preocupação".

No relatório sobre as Perspectivas Económicas Regionais para a África subsaariana, o FMI apresenta quatro prioridades políticas para os governos africanos: interromper a restritividade da política monetária onde a inflação está a diminuir, reduzir as vulnerabilidades da dívida e, simultaneamente, criar espaço para despesas de desenvolvimento, permitir a depreciação da taxa de câmbio sempre que necessário e investir no futuro", nomeadamente investindo mais na educação e garantindo uma gestão eficiente dos recursos naturais.

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