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Portugal, Brasil e Angola querem aproximar portos rumo a um “triângulo comercial”

Portugal, Brasil e Angola ambicionam a criação de um “triângulo comercial” de agro-pecuária, cereais e hidrogénio verde através da aproximação dos seus portos, disseram esta Segunda-feira à Lusa responsáveis portuários.

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O projecto será apresentado para a semana em Bruxelas onde se espera receber financiamento da iniciativa Global Gateway, lançada pela Comissão Europeia (CE) para promover ligações inteligentes, limpas e seguras a nível dos sectores digital, da energia e dos transportes, esperando mobilizar 300.000 milhões de euros até 2027.

"É uma negociação que depois tem de haver entre as autoridades brasileiras e europeias, em que pode haver também investimento de entidades portuguesas", explicou à Lusa o presidente do Porto de Sines, José Luís Cacho, durante o XIV Congresso da Associação dos Portos de Língua Portuguesa (APLOP), que decorreu na Segunda-feira em Brasília, subordinado ao tema "Corredores Logísticos, Sustentabilidade e Inovação".

O responsável português frisou ainda estar confiante de que a iniciativa será bem acolhida por parte dos investidores já que o projecto tem como objectivo "aumentar os fluxos e as trocas comerciais" entre Portugal e o Brasil.

Em Julho, o Porto de Sines e a Companhia Siderúrgica Nacional do Brasil já tinham assinado um memorando no âmbito da iniciativa Global Gateway, tendo sido também assinado um memorando de entendimento com a Sociedade de Desenvolvimento da Barra do Dande, em Angola.

"Sempre na lógica do agronegócio, dos minérios, e energia", sublinhou, referindo-se ao gigante sul-americano, que é um dos celeiros do mundo e que no Porto do Pecém, em Fortaleza, capital do estado do Ceará, alinhado com as ambições energéticas do Governo brasileiro, pretende também capacitar as instalações para a exportação de hidrogénio verde, produzido através do processo de electrólise da água (separação do oxigénio e do hidrogénio) e utilizado, principalmente, para a produção de fertilizantes para a actividade agrícola, mas que poderá ser usado como combustível e matéria-prima industrial para produtos farmacêuticos.

"Sines tem uma centralidade, não só em relação à Europa e Norte de África e África Ocidental que permitirá potenciar o crescimento das trocas comerciais, nomeadamente nos produtos agro-alimentares", considerou José Luís Cacho.

Outra das vantagens desta conexão Sines-Pecém é a possibilidade de o transporte de mercadorias ser intensificado após a assinatura do acordo comercial entre a Europa e o bloco do Mercosul (Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai), que se espera que seja concluído no final do ano.

Também à margem do congresso lusófono, o presidente da Associação Empresarial de Sines, Hugo Manuel Ferreira, considerou que o porto português, através desta conexão com o Brasil, mas também a Barra do Dande, em Angola, pode ajudar a suprimir a falta de cereais na Europa.

Com a invasão da Rússia à Ucrânia "a Europa sentiu um aumento brutal no preço dos cereais", disse, recordando que Sines tem o 14.º porto com movimentação de carga da Europa.

Hugo Manuel Ferreira frisou ainda que com o encerramento da central eléctrica de Sines, de carvão, o porto está com mais capacidade de armazenamento. "O terminal está preparado para qualquer tipo de carga", afirmou.

Já do lado de Angola, o presidente da Sociedade de Desenvolvimento da Barra do Dande, Joaquim Piedade, afirmou à Lusa que a expectativa é de que, em 2026, cerca de 860 hectares do projecto desta zona franca já estejam concluídos com terminal marítimo e refinaria.

A obra do Terminal Oceânico da Barra do Dande foi iniciada em 2012, mas suspensa em 2016, tendo o Governo tomado a decisão de a retomar em 2018.

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