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Telecomunicações

Funcionários da Angola Telecom queixam-se de “despedimentos ilegais” e “impedimentos” para retornar ao trabalho

Trabalhadores da Angola Telecom, estatal de telecomunicações, queixam-se de “impedimentos” para aceder à empresa e de “despedimentos ilegais”, após suspenderem a greve que durou quase 100 dias, e falam em “retaliação” do empregador, disse fonte sindical.

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"É verdade, estamos a ser impedidos de entrar na empresa porque o empregador pretende vingar-se dos grevistas colocando todos para o olho da rua, são mais de 200 trabalhadores que estão nessa situação", afirmou à Lusa o secretário-geral do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios, Telecomunicações e Afins de Luanda, Lourenço Afonso.

Segundo o dirigente sindical, a administração da Angola Telecom optou, desde o princípio de Outubro, por um retorno selectivo dos trabalhadores grevistas, sendo que perto de 10 trabalhadores foram notificados para assinar guias de despedimento.

Lourenço Afonso refere que, após a greve, que decorreu entre 21 de Junho e 30 de Setembro de 2022, o empregador "dividiu" os grevistas em quatro grupos.

O primeiro grupo, explicou, "é dos trabalhadores que não foram notificados para o retorno porque a condição que lhes foi imposta é passarem a assinar durante uma semana o livro de ponto até serem chamados para a retoma do posto de trabalho".

Um segundo grupo de trabalhadores "foi chamado para retomar os trabalhos", mas, mesmo assim, salientou, "não lhes é dada qualquer tarefa a realizar, passam apenas o dia na empresa e depois regressam a casa".

O responsável sindical falou também de um grupo de trabalhadores grevistas transferidos para outras áreas, um acto que, no seu entender, "lesa" a Lei da Greve.

"E depois temos o quarto grupo, que é de trabalhadores que estão a ser notificados para assinar guias de despedimento e nesta altura já temos 10 trabalhadores notificados para o efeito. Estamos a falar de trabalhardes com mais de sete anos na empresa, tudo porque aderiram à greve", apontou.

Depois de quase 100 dias de paralisação, os funcionários da Angola Telecom decidiram suspender a greve, após garantia do empregador em aumentar, numa primeira fase, 10 por cento do salário contra os 50 por cento que constavam do caderno reivindicativo.

"E depois viriam outras fases de implementação, ou seja, e também para o lado dos grevistas era a necessidade de suspender a greve para o retorno do trabalho, assim aconteceu, mas para a nossa surpresa a empresa recusa receber os trabalhadores", rematou o sindicalista.

Uma fonte disse à Lusa que representantes dos trabalhadores e a administração da Angola Telecom reúnem-se esta Sexta-feira na Inspecção Geral do Trabalho, em Luanda, para abordar o assunto.

A Lusa procurou contactar a direcção da estatal de telecomunicações, mas até ao momento não obteve qualquer resposta.

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