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Eurasia: João Lourenço vai aproveitar reformas para afastar críticos internos

A consultora Eurasia considerou que o resultado das eleições em Angola representa a maior derrota do MPLA nos últimos 50 anos, e que o Presidente vai aproveitar as reformas políticas para afastar alguns dos seus críticos internos.

: Ampe Rogério
Ampe Rogério  

"As eleições do mês passado representam a maior derrota político do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) em quase 50 anos de governação", lê-se numa análise às eleições legislativas de Agosto em Angola, que viram o MPLA ter a vitória mais magra desde a independência.

"Apesar de o ritmo das reformas ter quase parado antes das eleições, João Lourenço vai agora tentar acelerar as reformas económicas e políticas para cativar um eleitorado mais jovem que até agora tem sido capturado pela oposição", apontam os analistas no comentário aos resultados, no qual consideram que estas reformas políticas serão aproveitadas pelo Presidente para afastar os críticos internos.

"João Lourenço vai focar-se na luta contra a corrupção para melhorar a imagem do partido e afastar os opositores; as reformas sobre a liberalização e a democratização virão apenas mais tarde no segundo mandato", estimam os analistas, argumentando que o Presidente enfrenta o dilema de aprofundar as reformas, e com isso cativar eleitorado, mas enfrentar a ala mais conservadora do partido.

Como exemplo, a Eurasia aponta as privatizações e o sinal dado pela continuidade da ministra das Finanças: "Os mais conservadores dentro do MPLA vai provavelmente opor-se ao aumento das privatizações dos activos do Estado, receando que a saída do Estado vá diluir o poder do MPLA sobre a economia e resultar em perda de influência e controlo das redes de clientelismo, mas o Presidente vai continuar empenhado nos esforços de privatização para atrair investidores internacionais, aumentar o crescimento e melhorar as finanças públicas", escrevem.

É por isso importante, argumentam, que Vera Daves de Sousa se mantenha como ministra das Finanças, porque "indica que o Executivo vai provavelmente manter uma perspectiva orçamental conservadora, ao mesmo tempo que reconhece a necessidade do MPLA de aumentar a despesa social".

Com as eleições legislativas já ultrapassadas, as atenções viram-se para as eleições municipais do próximo ano, que a Eurasia diz que vão ser importantes dado que "a escala dos ganhos da UNITA pode determinar o ritmo das reformas" neste segundo mandato de João Lourenço.

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