Orlando Bernardo, que apresentou a situação de segurança pública em Agosto e Setembro, afirmou que as empresas de segurança privada estão proibidas a partir de agora de transferir armas de uma província para outra.
"Já não podem transferir armas de Luanda, por exemplo, se abriu um posto em Benguela. Nenhuma arma de guerra é transferida de um sítio para outro. Depois de algum tempo essas armas vão começar a ser recolhidas também", informou Orlando Bernardo.
Segundo o porta-voz da polícia, o objectivo é controlar se é verdade "de facto o que se diz, que as armas que vão para o crime, saem das empresas de segurança".
Muitas das armas em posse das empresas de segurança, acrescentou Orlando Bernardo, são de má qualidade e "são as que, normalmente, aparecem nos crimes".
De acordo com Orlando Bernardo existem no país entre quatro e cinco empresas de segurança excelentes, "mas há depois aquelas que protegem a loja" de cidadãos oeste-africanos, proprietários de pequenos estabelecimentos comerciais em Angola, e "essas são um problema terrível".
"Vamos agora começar a intervir no mercado de forma a controlar esse segmento. E se controlarmos esse segmento das armas das empresas de segurança é natural que vamos conseguir também as armas que vão para o crime", frisou.
Orlando Bernardo garantiu que há cada vez mais um maior controlo dos armeiros das forças de defesa e segurança, sendo por esta altura "muito difícil ter uma arma fora do armeiro que não esteja controlada".
"Atenção, não estou a dizer que não saiam daí, mas há cada vez um maior controlo", referiu o porta-voz da Polícia Nacional, realçando que é grande a quantidade de armas recolhidas pela polícia. Contudo, o contexto histórico do país faz com que existam ainda muitas armas em posse ilegal dos cidadãos.
De acordo com o responsável pela comunicação da polícia angolana, os sistemas informáticos criados para as Forças Armadas e Polícia Nacional permitem saber de que armeiro saiu uma arma encontrada num local do crime, admitindo que "houve um tempo que não era assim".
"Sabe-se quais são armas importadas pelas Forças Armadas, pela Polícia Nacional, quais são as que estão com os armeiros, quais são as que estão com A, B e C que estão na actividade, sabe-se isso. Precisamos saber o outro segmento, que é o das empresas de segurança", vincou.
"Deu-se esse tempo todo para que as empresas se preparassem. Há armas preparadas para isso, mas o que acontece é que as empresas não prestaram muita atenção a isso", reforçou.
Depois do fim da guerra em Angola, em 2002, foi dada oportunidade a ex-militares e pessoas ligadas à defesa para criarem empresas de segurança, mas em 2014 foi aprovada a lei que proibiu o uso de armas de fogo para essa actividade, explicou Orlando Bernardo.
Actualmente, quem queira abrir uma empresa de segurança tem de justificar onde foi buscar as armas, o que há uns anos não acontecia.
Desde há dois anos, quem abrir uma empresa de segurança "tem que ter armas autorizadas pela Lei 10/14 e vai justificar onde foi buscar a arma, senão vai preso", afirmou.
Orlando Bernardo disse que com a intervenção da polícia neste segmento prevê-se o desaparecimento de muitas empresas de segurança privada, "porque muitas não têm capacidade para adquirir armas de defesa lá fora".
Muitas "ou se juntam" e formam uma empresa, "ou então vão deixar o negócio", avisou.