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Lucas Ngonda acusa ausentes de pacto de quererem manter FNLA dividida

O presidente da direcção de transição da Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA) acusou o grupo que se escusou a assinar o pacto de entendimento de nunca ter tido vontade de ver o histórico partido unido.

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Lucas Ngonda, no discurso após a assinatura de um pacto de entendimento, entre os órgãos centrais do partido e os grupos de Carlito Roberto, filho de Holden Roberto, líder fundador da FNLA, e de João Nascimento Fernandes, disse que foi feito um compromisso de patriotas.

Segundo Lucas Ngonda, o grupo que abandonou a mesa do diálogo, que durou cinco meses de negociações, não quer ver unido o partido "porque os seus elementos pensam que a FNLA é uma herdade dos cunhados, compadres, amigos e conterrâneos".

O pacto de entendimento, que tinha como objectivo colocar ponto final em mais de 20 anos de conflito interno, não contou com as assinaturas dos grupos de Ngola Kabangu, antigo líder da FNLA destituído da presidência do partido por decisão judicial, e de Fernando Pedro Gomes, representante de outra ala contestatária.

O presidente da direcção de transição acusou estas alas de terem feito da associação dos antigos combatentes da FNLA "a sua ponta de lança para assaltos contra a direcção do partido" e com ela fazerem "uma direcção paralela”, na impossibilidade de não encontrarem um quadro legal fora do partido.

Para Lucas Ngonda, os dirigentes e militantes da FNLA devem saber ler os sinais do tempo para marcar os passos necessários sem repetir os erros do passado.

"Este pacto não é um compromisso perfeito, é uma obra humana com as suas imperfeições, o mais importante é a boa vontade e o espírito da responsabilidade que animam os seus signatários", disse.

Apesar disso, acrescentou que irá “fazer de tudo para acabar com as diferenças que existem".

O dirigente de transição frisou que durante as negociações Fernando Pedro Gomes, dissidente do partido, chamou "aventureiros" aos membros da comissão de diálogo, questionando o seu "espírito de reconciliação e unidade do partido".

"Quanto à ausência do grupo do irmão Ngola Kabango, de todas intervenções que fiz sobre a unidade do partido, se regressar a elas, em 2010, recebemos todos os outros irmãos, e o irmão Ngola Kabangu nunca nos escreveu uma carta a falar da unidade, nunca nos enviou um recado para fazer uma aproximação", lamentou.

Por sua vez, João Nascimento Fernando, um dos signatários do pacto, referiu que o problema da FNLA não é de ideologia ou de programa, mas dos seus dirigentes, por falta de diálogo e de humildade.

"O partido não pode continuar a ser adiado. Este pode não ser o melhor pacto, isto pode ser verdade, mas é o possível", referiu, apelando que os signatários sejam fiéis na execução prática do acordo.

Já Carlito Roberto sublinhou que, desde finais de 1998, um ano após a morte de seu pai, Holden Roberto, que o partido mergulhou numa crise sem precedentes na história dos partidos.

Segundo Carlito Roberto, os problemas do partido sempre foram resolvidos, sem sucesso, pela via de congressos, sem antes se procurar "um entendimento num diálogo sério, transparente e conciliador".

"Depois de várias reflexões e profundas, concluímos que o mal maior que tanto enferma a FNLA é o fenómeno da pessoalização do conflito e até mesmo do partido. Irmãos há que pensam ser donos da FNLA, pensam deter o monopólio, o que não é bom e nem justo", referiu.

Na Terça-feira, o grupo de Ngola Kabangu acusou Lucas Ngonda de ter rompido o diálogo, que já durava cinco meses, por não aceitar as propostas feitas por aquela ala dissidente.

O coordenador do grupo de Ngola Kabangu, João Roberto Soki, acusou Lucas Ngonda, deputado à Assembleia Nacional e membro do Conselho da República, de anos a fio se furtar ao diálogo, estando "surdo a todos os apelos dos variados quadrantes, que dentro e fora da FNLA, exigiam o fim da crise e unificação do partido".

Esta ala reclama ainda o incumprimento por parte de Lucas Ngonda de uma decisão do Tribunal Constitucional, que invalidou todos os atos e deliberações adoptados num congresso extraordinário que realizou, em Junho de 2018, na província do Huambo, deixando consequentemente inválido, desde Fevereiro deste ano, o mandato que recebeu no congresso de 2015.

João Soki referiu que depois de quatro meses de "tergiversações e simulacro de diálogo", Lucas Ngonda "decretou unilateralmente o fim e ruptura, no dia 15 deste mês, do processo de diálogo que vinha mantendo com os representantes de Ngola Kabangu".

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