A ex-procuradora-geral distrital de Lisboa durante oito anos, que fez toda a carreira profissional como magistrada no Ministério Público português, foi reconduzida à frente de uma das pastas mais expostas mediaticamente no governo português anterior.
Conflitos com guardas prisionais, agentes da polícia judiciária, funcionários judiciais e de registos e notariado, juízes e magistrados do Ministério Público português estiveram entre os principais pontos da agenda que teve de gerir nos quatro anos anteriores.
Por outro lado, a progressão da digitalização do sector e a redução dos tempos das pendências processuais avultaram entre os desenvolvimentos mais positivos na sua pasta.
Francisca Van Dunem, que nasceu em Luanda a 5 de Novembro de 1955 no seio de famílias conhecidas de Angola, veio para Portugal com 18 anos para estudar direito, mas a revolução do 25 de Abril de 1974 apanhou-a no segundo ano do curso, tendo regressado temporariamente a Angola.
Participante da luta pela independência – trabalhou na rádio, fez recruta militar e trabalho voluntário -, o dia da independência apanhou-a a dormir.
“Estava tão cansada que adormeci”, disse numa entrevista a um semanário português.
Irmã de José Van Dunem, do sector ortodoxo e de obediência soviética do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), e cunhada da militante comunista Sita Valles – mortos na sequência do golpe de Maio de 1977 –, acabou por criar o sobrinho.
Francisca Van Dunem entrou na carreira da magistratura em 1979, exerceu funções na Procuradoria-Geral da República portuguesa e, mais tarde, dirigiu o Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) de Lisboa.
É casada com o advogado e professor Eduardo Paz Ferreira, com quem tem um filho.