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Surfistas angolanos querem mostrar as ondas de Cabo Ledo ao mundo

Constâncio Cunha, de 20 anos, carregava a prancha debaixo de braço, à espera de entrar no mar, mas no Sábado as ondas em Cabo Ledo não revelaram o potencial do surf que o país quer mostrar ao mundo.

Ampe Rogério:

Durante o fim-de-semana, foi nesta praia, a cerca de duas horas da capital, que se juntou grande parte dos surfistas angolanos, para celebrar este desporto no SSW (Social Surf Weekend), um festival que teve este ano como principal atracção o rapper brasileiro Gabriel, o Pensador.

Constâncio é um deles. Enquanto observava o mar flat com alguma desilusão, conta como se apaixonou pelo surf, que começou a praticar há 10 anos. Foi aprendendo com amigos mais experientes e aprimorou a técnica na escola Kionda, a primeira do país dedicada ao desporto das ondas.

"Somos mais de 50 surfistas angolanos, dos mais velhos às crianças, e a coisa está a andar", acredita o jovem, que vê no festival "uma boa ajuda" para a promoção do surf.

Além da oportunidade de experimentar as ondas da Praia dos Surfistas, o SSW é também valorizado pela festa e pelas possibilidades de trabalho que oferece aos surfistas que aproveitam o festival para dar aulas e fazer algum dinheiro, como Constâncio Cunha.

O surfista vê em Cabo Ledo um enorme potencial: "As ondas são muito boas e o mar é quente no tempo de calor", reforça, acrescentando que embora a modalidade ainda não esteja muito desenvolvida no país, os praticantes estão "a lutar para isso".

Pede, por isso, ao Governo "que olhe para este desporto e faça o surf crescer".

Pedro Makuko, de 18 anos, está ainda no início. Começou há três anos e diz que a prática deste desporto é muito importante: "Sinto uma grande alegria, sou novo no surf, mas os mais velhos vão-me incentivando e isso dá-me muita energia e alegria".

Espera, por isso, que "Cabo Ledo se possa desenvolver" porque a prática do surf é muito importante, sobretudo para os mais jovens.

O surf será precisamente um dos pilares para o desenvolvimento do Polo Turístico do Cabo Ledo, uma entidade que gere 3090 hectares e que aprovou no mês passado um Plano Director, a ser implantando em 15 anos e que prevê investimentos avaliados em três mil milhões de dólares.

Leonel Nascimento, chefe do gabinete de apoio ao director geral do Polo Turístico, adianta que a prioridade é criar infra-estruturas para captar investimento.

"O que pretendemos, nesta fase, é buscar investimento para construção de hotéis. A região de Cabo Ledo, infelizmente, tem um défice de energia e água e é muito difícil captar investimento sem essas infra-estruturas, por isso este é um dos nossos objectivos", disse à Lusa.

Implantado numa região ambientalmente sensível, Leonel Nascimento garante que as questões ambientais estão salvaguardadas, já que o Conselho Consultivo do Polo integra representantes de várias entidades, incluindo o ministério do Turismo, do Ambiente, das Pescas e dos Transportes, para que "o turismo não colida com a conservação da natureza"

Destacou ainda que o surf pode ser encarado como "âncora" nesta região, sublinhando que a diversificação económica "passa por pequenas acções", para que se possa criar em Cabo Ledo um verdadeiro pólo de atracção turística, "primeiro a nível local e depois, quem sabe, internacional".

O SSW cumpriu durante quatro dias esta missão de atracção.

Tudo começou há sete anos com um pequeno grupo de pessoas que gostavam de surfar e cresceram em Cabo Ledo, mas, entretanto, o festival cresceu, passou a apostar em alguns nomes da música internacional e deverá ter contado nesta edição, pelo menos, com 3000 pessoas, segundo Elivalda Ferreira, da organização.

Vêm de todo o país, de Benguela ao Huambo, passando pelo Namibe e pelo Lubango, e até de Portugal e França, revela, orgulhosa.

"Vêm muitos expatriados, pessoas que trabalham cá, mas agora já recebemos mensagens de pessoas que perguntam qual é a data do festival para reservar voos", realçou.

A Praia dos Surfistas é um dos principais locais de Luanda para a prática deste desporto e o objectivo é "incentivar cada vez mais o surf", continua Elivalda Ferreira.

"Tentamos ao máximo elevar este desporto além-fronteiras. Ainda não é um desporto muito popular em Angola e queremos que conheçam através do SSW o que é o surf", resume.

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