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Economist: Angola tem de ter cuidado com a dívida para não arriscar um “default”

A Economist Intelligence Unit (EIU) alertou para a possibilidade de Angola optar por compensar a necessidade de novos financiamentos com um aumento de dívida pública e arriscar assim uma situação de incumprimento financeiro ('default').

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"Apesar de o Governo de Angola certamente necessitar de novos financiamentos, por causa da forte queda nas receitas por causa dos baixos preços do petróleo, o serviço da dívida já é a maior fonte de despesa e o país tem de ter cuidado com o sobre-endividamento e arriscar uma situação de 'default'", escrevem os analistas da revista Economist.

Numa nota sobre o novo empréstimo de 2 mil milhões de dólares da China a Angola, enviada aos investidores e a que a Lusa teve acesso, os peritos da unidade de análise da revista britânica 'The Economist' escrevem que "parte do dinheiro será usada para servir a dívida à China, estimada em mais de 23 mil milhões de dólares, embora a maioria seja para financiar projectos industriais e de infra-estruturas".

De acordo com os últimos dados do Fundo Monetário Internacional (FMI), a dívida pública de Angola ultrapassará este ano os 80 por cento do PIB, descendo para cerca de 72 cento em 2019, o que torna difícil relançar a economia, que deverá ter mais uma recessão este ano, de 1,1 por cento, de acordo com as últimas estimativas do Governo, que ainda assim ficam aquém das previsões dos analistas que apontam para uma quebra do PIB de perto de 3 por cento.

Os analistas e a comunicação social previam que o Presidente da República, João Lourenço, regressasse da viagem à China com um pacote de ajuda financeira no valor de 11 mil milhões de dólares, mas o valor acordado ficou-se pelos 2 mil milhões.

"De acordo com fontes diplomáticas, há mais financiamento que ainda pode ser disponibilizado, mas as autoridades chinesas pediram avaliações mais detalhadas sobre os projectos antes de concordarem com a entrega de mais fundos", escreve a EIU.

A maior parte do crédito chinês a Angola tem sido usado para financiar projectos levados a cabo por empresas chinesas, com Angola a pagar com petróleo, lembra a EIU, notando que "este método, conhecido com o 'Modo Angolano', tem atraído críticas dentro e fora de Angola, principalmente em relação ao grande número de trabalhadores e bens chineses usados nestes projectos, que faz pouco para criar empregos locais e para o desenvolvimento do sector da manufactura nacional".

A "opacidade em torno dos termos de pagamento também tem levantado preocupações sobre se os empréstimos acrescentaram valor a Angola", notam os analistas, que apresentam como positivo o facto de João Lourenço ter assinado 130 acordos de cooperação.

"Isto deve ajudar a fazer de Angola um destino mais atractivo de investimento para as empresas chinesas e apoiar a tese de João Lourenço relativamente a uma relação mutuamente vantajosa e para as empresas chinesas investirem directamente na economia angolana, transferindo tecnologia e conhecimento científico", referem.

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